terça-feira, julho 31, 2012

+ um Centenário

Milton Friedman, o + famoso economista americano do pós-guerra, faria hoje 100 anos de idade. Economista brilhante e mestre da promoção de suas ideias. Era articulado, falante, simpático e nunca ficou fechado em grupos acadêmicos. Friedman foi o relançador do "Monetarismo", teoria anterior a ele e que teve como guru Irving Fisher, que queimou sua reputação ao declarar semanas antes da quebra da bolsa em outubro de 1929 que estava tudo normal e que não havia crise à vista. Friedman reformulou e modernizou a teoria quantitativa da moeda, fez sua divulgação e promoção em uma serie de conferencias, convenceu a cúpula do sistema sobre a qualidade de seus estudos e teve apoio logístico e suporte operacional do Citibank para sua cruzada. Friedman tinha adquirido fama como autor de uma obra clássica Historia Monetária dos Estados Unidos que escreveu junto com sua amiga de toda a vida Anne Schwarz, que morreu no mês passado com quase 100 anos. Friedman tinha uma qualidade excepcional para um economista, sabia escrever bem e claramente, para leigos, razão pela qual seus livros vendiam muito bem. Expoente da Escola de Chicago, Friedman deixou seu legado com alguns fiéis seguidores, como Alan Greenspan. O monetarismo é constantemente confundido por leigos com o neoliberalismo, quando são dois conceitos muito diferentes. O monetarismo é uma teoria econômica acadêmica sofisticada e bem elaborada, enquanto o neoliberalismo é uma visão ideológica que propõe reformas econômicas de mercado, não trata especificamente da moeda e sim da propriedade e do papel do Estado na economia. Friedman e o monetarismo acabaram antes do fim do século como novidade e o papel de suas teses foi ultrapassado por novos contextos geopolíticos, como a emergência da China, o 11 de Setembro, a perda de liderança dos EUA nos organismos multilaterais e as tensões políticas da Era Bush. Dentro de seu apregoado conservadorismo monetário Friedman tinha propostas instigantes, era a favor do bolsa-familia e da liberalização do uso da maconha. Friedman foi um dos mais influentes economistas da segunda metade do Século XX em uma escala muito maior do que hoje são Krugman ou Stiglitz. A Escola de Chicago influenciou a formulação do Plano Real e o fim da inflação recorrente em muitos países, uma inflação que atingiu grande parte do mundo do pós-guerra e em especial os países do então Terceiro Mundo. Para o bem ou para o mal, o monetarismo de Chicago teve um enorme papel político, foi usado como ferramenta intelectual por bancos centrais, regimes políticos e escolas de economia por todo o mundo.

Evolução das ideias

Diz um provérbio berbere, que a verdade é como o camelo: tem duas orelhas. Você pode agarrá-la como lhe for mais conveniente, pela direita ou pela esquerda. Essa parece ser a postura do velho Serra, que prefere a direita. É um desconsolo descobrir o que o tempo faz aos homens. Não só, como no poema de Drummond, ao abater com sua mão pesada, cobra os anos com “rugas, dentes, calva”, mas também costuma sulcar erosões nas idéias. José Serra quer calar os blogueiros. O que está em questão é muito maior do que os franco-atiradores da internet. O problema real são os limites que querem impor à democracia. Ao que parece, há uma liberdade de imprensa para uns, e outra, para os demais. Os grandes veículos de comunicação combatem o governo, apesar de receberem dele vultosas verbas de publicidade. Alguns blogs, por convicção, defendem o governo federal, mas, conforme o PSDB,  estão impedidos de receber verbas publicitárias das empresas estatais. Nenhum jornalista brasileiro pode se dar o luxo de não contar, em sua remuneração, qualquer que ela seja, com parcelas, ainda que pequenas, de dinheiro público. O poder público é a base de toda a economia nacional. Ele contrata as empreiteiras, compra das industrias, além de subsidiá-las com incentivos fiscais,  financia as atividades agropecuárias,  paga pelos serviços,  participa do custeio das grandes organizações patronais, entre elas a Fiesp. Assim, indiretamente, participa de todos os gastos com publicidade. E mais, ainda: quem paga tudo, afinal, é a sociedade e, nela, os que realmente produzem, ou, seja, os trabalhadores. E são os trabalhadores, com parcela de seu suor, que mantêm o enganoso Fundo de Amparo ao Trabalhador que, administrado pelo Estado, por intermédio do BNDES, financiou as privatizações. Em suma, o trabalhador paga pela corda que o sufoca. Serra, e os que pensam como ele, tentam, como Josué em Jericó, segurar o sol com as mãos, ou, melhor, impedir que a Terra continue rodando em torno de seu eixo e em torno da nossa estrela. A internet é indomável. E, apesar de suas terríveis distorções, que serve à difamação, à calúnia, à contrainformação, a difusão de atos de insânia, ampliando o que a televisão vinha fazendo, não há, no horizonte das ideias plausíveis, como amordaçar os bytes, imobilizar os elétrons, apagar as telas. Tudo isso poderá ocorrer com uma tempestade solar, mas nunca pela ação dos estados. O eterno-candidato Zé Serra e seus correligionários se encontram alheios ao mundo que os cerca. Estão como um francês distraído que, em 10 de agosto de 1792, em um dos muitos cafés do Jardim das Tuileries, tomava placidamente uma baravoise, enquanto isso, a multidão invadiu o Palácio Real e o saqueou. O desconhecido continuou a beber. Todos os que o cercavam fugiram esbaforidos. Na defesa do palácio, morreram 600 guardas suíços. O francês distraído estava alheio a tudo, em sua manhã de agosto. Cinco meses depois, o Rei Luis XVI e a Rainha Maria Antonieta encontrariam a lâmina da guilhotina. Os Tucanos estão pensando em seu outubro, embora estejamos, no mundo inteiro, em tempos semelhantes aos do francês. Como sempre, o que está em jogo é a mesma reivindicação: igualdade, liberdade, fraternidade, ou seja, a democracia real

terça-feira, julho 24, 2012

Grãos

Problemas climáticos e baixos estoques fizeram com que os preços de grãos disparassem. Preços subiram 50% desde o começo do ano, tendo passado pico de 2008. Isto significa:

a. pressão na inflação de alimentos, na cadeia proteica, pois grãos são insumos na produção de carne;
b. redução de margem para produtores de carne e frango;
c. mais renda no campo;
d. mais dólares entrando das exportações de grãos;
Turma do Sul, Goiás e do Mato Grosso deve estar animada... vendas de caminhonetes devem bombar!!! Já a turma da pecuária e os avicultores devem estar vendendo suas caminhonetes… E BC deve começar a ficar preocupado, embora a desoneração da cesta básica ajude a contrabalançar este efeito no IPCA.

Privataria

Os principais argumentos de defesa das operadoras de telefonia diante do revés público sõ três. Primeiro, o SindTtelBrasil vai à televisão e culpa as prefeituras de atrasarem as licenças para colocação das antenas indispensáveis. Segundo, afirmam que houve um enorme aumento de demanda que os teria pego de surpresa. Terceiro, que a Anatel não explicitou os critérios usados para fundamentar a punição. 
Um mínimo de história pode ajudar. Os militares criaram a Telebrás por questão de segurança nacional e porque se esperava que o Estado saberia gerir bem. A Telebrás no entanto não foi capaz de atender a demanda, na época de telefonia fixa apenas. Era difícil conseguir linha para telefonar. Telefones eram privilégios de poucos. De tão escassas e valiosas as pessoas deixavam suas linhas em testamento. O culpado era o governo. Veio então a ideia de que empresas privadas em concorrência regulada teriam como consequência natural melhor serviço para o consumidor. Não tem sido verdade. Se é para continuar culpando governos, não se precisava de privatização. Se é para não prever a expansão do mercado, suprir bons serviços, ficaríamos com a Telebrás. Se é para as empresas não terem recursos suficientes para investir, por mais que invistam, ficaríamos com a Estatal.
A defesa das operadoras contra a Anatel não faz jus nem ao modelo regulatório, nem à infinita paciência que os usuários têm tido com ambas: operadoras e Anatel. O problema de fundo é: regular a concorrência não é fim. É meio. A qualidade do serviço financeiramente acessível é a finalidade que justifica o modelo de privatização. Sem dúvida as operadoras conseguiram universalizar os serviços. Conseguiram constante atualização tecnológica. Mas estão longe de prover a qualidade de serviço e um menor preço ao consumidor. Quanto ao último argumento, de que Anatel não fundamentou os critérios da punição, basta atentar para o crescente número de processos contra as operadoras no Judiciário. O patológico crescimento dos juizados especiais que ultrapassou a justiça de trabalho em casos enviados ao Supremo, deve-se em grande parte a reclamações dos consumidores de telefonia. Agravado pela cultura do recurso a qualquer custo dos departamentos jurídicos das telefônicas. Como desabafou um magistrado do Rio de Janeiro diante do crescente número de ações de telefonia que ele tinha que decidir: “Estou cansado de trabalhar para operadoras de telefonia ineficientes”.

terça-feira, julho 03, 2012

Brasil


Muitos são os instrumentos para a construção do futuro e a consolidação do imenso avanço social e econômico experimentado pelo Brasil na última década. E eles têm sido muito bem utilizados em nosso país. Desde o crédito facilitado e ao alcance de dezenas de milhões de cidadãos, antes integrantes da categoria dos “desbancarizados”, até iniciativas de altíssimo alcance social como os programas que mudaram a face de um Brasil injusto e excludente: Pro-Uni, Bolsa Família, PetiTarifa Social de Energia Elétrica, dentre outros. E, mais recentemente, o Brasil Carinhoso. Ao anunciar o Plano Brasil Maior, o governo federal dá continuidade aos programas de incentivo ao crescimento econômico tão indispensável a um país com a grandeza do Brasil. Desta vez, depois de desonerar em muito a indústria e os investimentos no setor produtivo, o governo vai utilizar suas compras como principal instrumento para impulsionar a atividade econômica. O PAC-Equipamentos e o Programa de Compras Governamentais irão possibilitar melhorar a infraestrutura e a mobilidade pública do país. Trata-se de iniciativa de imensa importância quer no incentivo à economia quanto na melhora das condições para a prestação dos serviços públicos. Nunca houve, antes, tanta preocupação com a questão social no Brasil. E, mais que isso: jamais se alcançaram resultados tão auspiciosos e evidentes. O estado brasileiro apresentou-se pela vez primeira a cidadãos que eram números do IBGE, mas não eram alvo da atenção, da preocupação ou mesmo do respeito por parte dos governos que se sucederam no poder. Eram, sim, uma realidade estatística, mas não contavam na formulação das políticas governamentais. Existiam, mas não eram respeitados. Frequentavam os discursos, mas não os comoviam pela penúria em que viviam ou pelo descaso a que foram relegados. Pior, eram desrespeitados. Há uma parcela do pensamento nacional que atribui aos vitoriosos programas instituídos desde 2003, absurdos como os de que “estimulam a vagabundagem” ou “é uma esmola”. Trata-se de um extrato social, mesquinho, partidarizado e parasitário, que desconhece a realidade do Brasil e evitava conhecê-la nos anos infames dos governos descomprometidos com o povo, mas comprometidos com a pior espécie de capitalismo, e que nada faziam para mudar nossa dura realidade ou minorar o sofrimento de dezenas de milhões de brasileiros desamparados, famintos, analfabetos e doentes. Existia no Brasil um projeto de país indecente, lamentável, implementado de forma deletéria nos Governos do Século XX. Era um Brasil para 3 milhões de brasileiros, não mais que isso. A esses privilegiados estava destinado o usufruto de nossas riquezas, uma existência tranquila e promissora, saúde de boa qualidade e educação de alto nível, boas condições de vida e o domínio de um país profundamente elitista, socialmente injusto e economicamente concentrado nas mãos de pouquíssimos grupos empresariais. Um estado mínimo, onde poucos mandariam muito e viveriam bem, enquanto uma imensa massa de mais de 150 milhões de cidadãos nada mais seriam que modernos servos da gleba, relegados a plano inferior e sem qualquer atenção por parte dos poderes públicos. O governo que por ele foi sustentado, ironicamente chefiado pelo sociólogo FHC, bancou essa crueldade, levou a cabo essa tentativa de um Brasil para muito poucos, com impressionantes frieza e impiedade. O resultado não poderia ter sido pior: desemprego, falências de milhares de empresas, inéditos congelamento e achatamento salarial, desmonte da estrutura do serviço público, privatizações lodosas e presenteadas, desrespeito aos funcionários públicos e aposentados. Isso tudo com a complacência, a leniência ou mesmo o engajamento de diversos setores da vida nacional, como a quase totalidade da imprensa. O que não se gastou com a educação, com programas sociais absolutamente indispensáveis, com a saúde, gastou-se no financiamento às corporações que compraram nossas melhores empresas estatais na bacia das almas. Torraram-se, também, no PROER, bilhões de reais para socorrer os mesmos banqueiros falidos que haviam financiado generosamente as campanhas desses governos. Poderíamos lembrar o apagão, mas é desnecessário: ele está vivo na lembrança dos que receberam atônitos a informação de que o país com maior concentração hídrica do planeta, com invejável estrutura energética, que construiu Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo, abandonou o setor durante anos e jogava nas costas das famílias, dos comerciantes, dos industriais, dos prestadores de serviço, a pesada conta de sua imprevidência, da ausência de investimentos em nosso sistema elétrico e, com a frieza e a crueldade tão habituais, ainda estabelecia pesadas multas e punições a quem não consumisse menos e não arcasse com o ônus do desastre anunciado. Ivan Lessa escreveu que no Brasil a história é apagada de tempos em tempos e tudo recomeça. Por conta disso, os que pousam de moralistas, dão vazão a mentiras que insistem em assumir as cores da verdade e com imensa desfaçatez não querem respondem por um governo que levou o Brasil três vezes ao fundo do poço, às quebradeiras inesquecíveis, ao humilhante guichê do FMI. Nós, petistas, contrapusemos o nosso projeto de país ao dos neoliberais. E os brasileiros apostaram nele em 2002. Vencemos, mas não foi fácil mudar o curso da história, recuperando um país falido e sem qualquer credibilidade, absolutamente desmoralizado perante as demais nações. Em 2006, por larga margem de votos, os brasileiros repeliram a campanha agressiva e a argumentação torpe da oposição. Já no ano de 2010, depois da mudança radical da face de um país derrotado que se firmou como país vitorioso e com imenso futuro, vencemos novamente. Pela primeira vez em sua história os brasileiros assistiram uma campanha lamacenta, fundamentalista, reacionária e mentirosa promovida pelos tucanos de Serra. Todo esse sofrimento, porém, valeu a pena. Os programas idealizados e levados adiante pela notável Ministra Tereza Campello tiveram o inexcedível mérito de dar aos mais de 40 milhões de brasileiros beneficiados a oportunidade de morarem melhor, chegar às universidades, tornarem-se pequenos empresários, trabalharem, darem mais conforto e dignidade à vida de suas famílias. Mas, muito mais que isso: milhões e milhões de pessoas que deixaram de serem números, passaram a comer, isso mesmo, não comiam. Que país era esse? O que sonhamos? Não. Esse era o país dos que hoje fazem oposição irresponsável e cerrada. Aos que acusam e tentam humilhar, respondemos com um Brasil mais justo e democrático, mais solidário e fraterno, mais pujante e poderoso. Nossa economia deu um salto espetacular. Nos anos infames caímos de 9ª economia mundial para um cinzento 16º lugar. Pagamos a conta do desastre, arrumamos a casa, mudamos o país e o tornamos vencedor e respeitado. Somos hoje a 6ª potência econômica do planeta e resistimos muito bem ao atual momento negativo da economia internacional por conta da solidez deste Brasil que construímos, com forte classe média, emprego pleno, economia estável, indústria, comércio e serviços vivendo momentos jamais experimentados antes, agricultura modernizada e em franca expansão, a indústria da construção e nossas exportações em ritmo ascendente. O Brasil tomou um caminho claro e acertado: ser uma sociedade mais democrática e pluralista, com justiça social e inclusão daqueles que foram segregados e abandonados, que foram claramente excluídos das preocupações e das ações do estado. Invertemos o jogo. Temos pagado caro pela ousadia de ter transformado o sonho de um Brasil muito melhor em realidade. Mas, vencemos e todo sofrimento é nada em favor de nosso país e de nosso povo.