quarta-feira, novembro 14, 2012

Alto Retorno

Com rentabilidade ainda acima da encontrada em outras grandes economias, o Brasil volta a atrair o interesse de bancos estrangeiros, que querem entrar, ou voltar, para o país. O suíço UBS, após quase dois anos de espera, deve receber nesta semana o aval do governo para voltar ao país. “Mesmo nessa fase atual, com o governo pressionando para que Caixa e Banco do Brasil derrubassem juros e tarifas, o sistema financeiro brasileiro, comparado a outras grandes economias, continua muito rentável”, afirma a EFC Consultores. Os grandes bancos no Brasil estão obtendo um retorno sobre o patrimônio pouco abaixo de 20%. Esse patamar, embora já tenha sido mais elevado, ainda é atrativo e se repete mesmo nos bancos públicos que lideraram a redução dos spreads. Já na Europa e Estados Unidos, essa rentabilidade está entre 9% e 10%. Esse diferencial atrai instituições de outros países. O caso mais recente de estrangeiro interessado no setor bancário brasileiro é o holandês ABN Amro. A instituição deixou de operar no país após ser vendido para um consórcio de Bancos em 2007, sendo que o Santander ficou com a operação brasileira. Sua volta se dá com a compra da instituição CR2, pela qual desembolsou aproximadamente € 25 milhões. Já o BNY Mellon recebeu autorização da autoridade monetária para atuar como banco comercial. Os asiáticos se mostram também como grandes interessados. O coreano Woori Bank recebeu autorização do governo brasileiro para atuar no país e o japonês Mizuho Bank comprou o West LB no Brasil. As instituições estrangeiras que estão entrando no Brasil, mesmo com uma operação muito inferior a dos grandes bancos brasileiros, têm espaço para trabalhar. Um nicho pouco explorado pelos estrangeiros é o atendimento a empresas de médio porte. É um público que devem explorar. Estratégias específicas justificam o interesse no Brasil. O caso do ABN, que tem uma área agrícola atuante na Europa. O Brasil é um grande produtor agrícola e atuar aqui era um desejo estratégico para o ABN. Além de rentabilidade maior no Brasil do que no exterior, esses bancos também estão de olho nas perspectivas de crescimento da economia brasileira, que aumenta a demanda por serviços financeiros e bancários. Isso pode contribuir para o aumento da participação dessas instituições no crédito. Os estrangeiros respondiam em setembro por 17% do crédito do país. Em 2005, essa fatia era de 22%. Essa recuperação, no entanto, deve se dar aos poucos, uma vez que essas instituições atuam como banco de investimento ou como banco comercial para conceder crédito a determinado segmento de empresas. Atuação no varejo, que poderia garantir maiores volumes em ativos, é algo difícil de acontecer. “Esses Bancos não vão conseguir escala para operar no varejo. É um custo elevado para isso”, afirma a Austin Ratings. Apesar da concorrência no Brasil, esses bancos têm espaço para atuar porque já tem uma expertise no exterior que contribui, em especial na intermediação de negócios entre empresas brasileiras e companhias dos países de origem da instituição. Na avaliação da Moody's os benefícios da vinda de Bancos estrangeiros para o Brasil são o aumento da concorrência e a troca de conhecimento. "No Brasil, eles têm acesso a inovação, novos produtos, mas também trazem ao país formas diferentes de fazer negócios." Para atuar no Brasil, os Bancos estrangeiros precisam de autorização. Uma forma de encurtar os trâmites burocráticos é comprar uma instituição já em operação.

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