sexta-feira, julho 01, 2011

Tensão Americana

O parlamento grego aprovou nos últimos dias um plano fiscal ambicioso, que inclui corte de despesas, aumento de impostos e um programa de privatização que pode chagar a 50 bi de euros.  Houve inúmeros protestos, porém os políticos optaram por seguir o caminho imposto pela Comunidade Européia. Com isto, o caminho está livre para a liberação dos 12 bi de euros da parcela do programa de salvamento, o que deve impedir o calote grego. Para cobrir os vencimentos dos próximos anos os gregos vão contar com uma ajuda parcial dos bancos franceses e alemães que se comprometem a rolar 50% das dívidas gregas em seu poder. É cedo para estimar qual o montante que será rolado, pois há dívida nas mãos de bancos e outras instituições que ainda não se manifestaram. Também é preciso assegurar que as agências classificadoras de risco não considerem esta rolagem voluntária como um calote disfarçado. E que o BC Europeu aprove tal rolagem. Esta rolagem parcial daria ao governo alemão uma moeda de troca importante para conseguir o apoio do parlamento alemão para a aprovação de mais empréstimos para a Grécia completando assim os 110 Bilhões que eles precisam para cobrir os vencimentos dos próximos anos. É muito provável que Grécia consiga dois anos de alívio nas suas rolagens de dívida. Porém é preciso ver como a economia reage ao pacote. A Grécia está no segundo ano de recessão, enquanto seus vizinhos do norte já estão se recuperando da pancada de 2009. Se a economia grega não se recuperar é pouco provável que governo consiga eliminar o déficit em suas contas, o que exigiria mais dinheiro externo para financiar o buraco. Além disto, com crescimento baixo a popularidade do governo pode cair ainda mais, levando a eleições antecipadas, que foram evitadas pela votação recente do voto de confiança no Primeiro Ministro.  Mesmo sem estes possíveis acidentes de percurso e mesmo com a Grécia se recuperando e crescendo a 3%aa, não acredito que seja possível evitar alguma reestruturação de sua dívida nos próximos anos, seja com redução de principal ou dos juros.  Ganhou-se tempo, o que deve permitir que Portugal e Irlanda saiam de suas crises, que Itália e Espanha façam suas lições de casa e para que bancos façam provisões em seus balanços se preparando para um possível calote grego no futuro. Foi assim que fizeram na década de 80 e 90 com a dívida dos países em desenvolvido. Agora as atenções voltam-se aos EUA que precisam aprovar até o final deste Julho o aumento do limite de endividamento do governo. O congresso está dando um calor enorme em Obama e exige que sejam feitos compromissos com corte de gastos antes de se aprovar o aumento de tal limite Se tal limite não for aprovado, o governo fica sem caixa. E aí eles podem ter que dar calote em sua dívida externa. Um calote na dívida americana poderia fazer a crise grega parecer uma marola. A boa notícia é que todos sabem disto. A má notícia é que o Secretário do Tesouro dos EUA dá sinais que pretende sair do governo. Mas somente após a aprovação do aumento de limite. Este é um evento de consequências tão graves que qualquer um se recusa a imaginar a catástrofe. Nem tudo é má notícia, no entanto. Pesquisa publicada pelo FED surpreendeu positivamente os mercados, o que ajudou as bolsas e os ativos de risco em geral. Se os dados sobre economia continuarem a surpreender para cima e se congresso americano aumentar o limite de endividamento, podemos ter um bom rally nos ativos de risco no terceiro trimestre. Bom ficar ligado!!!

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