segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Dirceu leva cruzada da anistia à internet em março

Poucos políticos festejaram tanto o triunfo do petista Arlindo Chinaglia quanto o companheiro José Dirceu. Embalado pela acomodação do companheiro de partido na cadeira de presidente da Câmara, Dirceu programa para o início de março o lançamento de uma campanha para tentar reaver os seus direitos políticos, anulados até o ano de 2014. Em reserva, Dirceu revelou a petistas que privam de sua intimidade detalhes de sua estratégia. Para difundir a causa, levará à internet um sítio pró-anistia. Ali, será retratado como vítima de uma vendeta política. Venderá a tese de que seu mandato foi passado na lâmina sem provas de que tenha delinqüido. Pretende levar à rede também manifestos de celebridades e intelectuais favoráveis à revisão de sua pena. Divulgará ainda as peças de defesa que seus advogados anexarão à ação movida no STF. Para legitimar a anistia, Dirceu tenciona protocolar na Mesa da Câmara, agora sob a batuta de Chinaglia, um projeto de lei endossado por 1 milhão de assinaturas. Os advogados do deputado analisam os termos do projeto. Já verificaram que, pela lei, não bastam as assinaturas. Será necessário comprovar que os apoiadores existem. Dirceu recorrerá ao auxílio de movimentos sociais, entidades e sindicatos. Acionada a rede pró-anistia, planeja instalar bancas de coleta de assinaturas em todo país. O blog procurou a CUT. Por meio de sua assessoria, disse que ainda não foi procurada por Dirceu. Contatada, submeterá o pedido de ajuda à direção. Conversei também com João Felício. Ex-presidente da CUT, Felício integra o diretório nacional do PT e faz a interface do partido com os movimentos sociais. Tampouco ele foi acionado por Dirceu. Acha, porém, que Dirceu não terá dificuldades em obter auxílio. "Ele sempre teve ótima relação com os movimentos sociais", diz. Dirceu trama a obtenção do apoio formal do PT à anistia. Não será simples. Exceto pelo Campo Majoritário, grupo a que pertencem o próprio Dirceu e o presidente do PT, Ricardo Berzoini, o restante das tendências abrigadas sob o guarda-chuva do PT torcem o nariz para a idéia de vincular a sigla a um movimento de cunho pessoal. O plano de Dirceu é levar o projeto da anistia à Câmara antes do recesso parlamentar do meio do ano. Afirma, em reserva, que dispõe do compromisso de Chinaglia de levar a proposta a voto. Embora não pertença à corrente de Dirceu, Chinaglia, de fato, declarou, ainda em campanha, que não deixará de submeter ao plenário uma proposição que chegue à Casa escorada no apoio popular. "A decisão será do Parlamento, não minha", diz ele. Aos pouquinhos, Dirceu vai sendo reintegrado às atividades partidárias. Sua primeira aparição pública será no próximo dia 9 de fevereiro, em Salvador. Será palestrante de honra do seminário "Socialismo democrático e a esquerda na América Latina". O evento marca o início dos debates que irão desaguar no 3º Congresso do PT, em julho. O PT iniciará, na mesma Salvador, os festejos de seu 27º aniversário. Lula estará presente. Não se sabe, por ora, se Dirceu dará as caras.

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