quinta-feira, fevereiro 17, 2011

Por que Bolsa aqui tem andando menos do que lá?

O gráfico abaixo mostra o retorno de quem aplicou US$ 100 num fundo de ações equivalente ao S&P500,  na linha amarela, vs.  quem investiu os mesmos US$ 100 num fundo Chines, em verde, num fundo da India, em branco, e num fundo Brasileiro em vermelho, fundos estes negociados na bolsa de NY (ETF´s):
Vemos aí que o retorno neste período foi  positivo nas ações dos EUA e negativo nos outros Brics... Por que? Veja abaixo um gráfico que mostra o volume investido num fundo dos EUA que é dedicado exclusivamente a investimentos em ações de empresas em  mercados emergentes:
Notamos que de meados de 2008 até o final de 2010 o volume investido neste fundo subiu bastante, o que fez com que bolsas emergentes se valorizassem muito via bolsa dos EUA.  Porém nos últimos 3 meses dá para notar uma queda do volume investido, queda que, em termos relativos, é a maior desde 2006. Parece que os alocadores de recursos e gestores de carteiras estão reduzindo suas posções em mercados emergentes e aumentando nos EUA. Por que? Com a acaleração da inflação nos emergentes fica claro que os juros terão que subir nestes países, o que deverá arrefecer tais economias e assim reduzir ritmo de elevação dos lucros das empresas que ali operam. Por outro lado, temos tido boas surpresas com relação a resultados de empresas e sobre a atividade econômica nos EUA nestes últimos meses. Tudo isto num ambiente de inflação e  juros muito baixos por lá. Logo, cria-se um cenário positivo para bolsas dos EUA, bastante diferente daquela sensação de fim de mundo que havia desde 2008 até final de 2010, quando os investimentos sairam em massa dos EUA e foram para emergentes numa velocidade impressionante. Agora o quadro se reverte parcialmente, o que alimenta uma expectativa de melhores retornos nos EUA do que nos emergentes. O mesmo é visível nos gráficos abaixo, que mostram a restirada de recursos do Bovespa por parte dos estrangeiros e dos mercados emergentes em geral:
Mas isto vai durar para sempre? Não. Creio que no segundo semestre do ano a inflação deve começar a arrefecer nos emergentes, e com a proximidade de possível alta de juros nos EUA, commodities deverão cair. Com isto, BC´s dos  emergentes poderão suspender aperto monetário e já poderemos ter alguma clareza sobre um novo ciclo de crescimento sustentado, que deverá elevar a Bolsa nos páises emergentes. Já nos EUA, com atividade econômica melhorando, é provável que governo inicie um aperto fiscal, o que deverá esfriar a economia novamente, afetando o lucro das empresas americanas, afastando dinheiro que hoje está sendo investido por lá.  Contudo, se eu estiver certo neste cenário, a oportunidade de compra na Bolsa deve ocorrer nos próximos 3 a 6 meses. Não será  preciso ter pressa. Além disto, seria prudente focar aqui em empresas não ligadas ao setor de commodities, pois elas podem cair se as commodities de fato cairem de preço em função do arrefecimento da atividade industrial nos BRIC´s.  Bancos, construtoras, empresas  de serviços estarão entre as melhores naquele momento, pois devem ser as que mais sofrerão agora e as que menos sofrerão no futuro, caso as commodities caiam mesmo de preço. Um monte de se´s, de casos, eu sei, mas para quem gerencia dinheiro a vida é assim, certeza zero e um montão de possibilidades. O risco neste cenário seria de um descontrole inflacionário nos Brics e uma aceleração da inflação no G3 de forma surpreendente , o que forçaria BC´s a subirem juros no mundo todo o que seria muito ruim para bolsas e commodities, e muito bom para o Dólar.

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