sexta-feira, janeiro 28, 2011

Contra a tradição da história

Apesar de ainda não confirmada oficialmente, a possível candidatura do atual presidente do São Paulo Futebol Clube Juvenal Juvêncio a um novo mandato, e sua vitória na disputa, é praticamente dada como certa nos bastidores políticos do clube. Contudo, caso a decisão seja confirmada, irá contra uma história de alternância na presidência que já dura mais de quarenta anos. JJ já está há cinco anos no comando do São Paulo e, com um novo mandato até 2014, chegaria a oito, tornando-se o terceiro dirigente a permanecer mais tempo no cargo - isso considerando apenas o atual momento, sem contar seu primeiro mandato, entre 1988 e 1990. E quebraria uma tradição: desde 1971 ninguém fica mais de cinco anos na presidência do clube. O último a superar tal marca foi o Governador de São Paulo Laudo Natel. Principal responsável pela construção do estádio do Morumbi ao lado de Cícero Pompeu de Toledo, Natel também é o recordista de anos à frente do São Paulo, ficando por 13 temporadas como presidente, entre 1958 e 1971. Toledo, que o precedeu, é o segundo colocado, com nove anos, entre 1948 e 1957. Com as exceções dos presidentes que dominaram os anos 50 e 60, o São Paulo teve apenas outros dois presidentes que ficaram por cinco anos, como Juvenal: Edgard de Sousa (primeiro mandatário e Henri Couri Aidar. Todos os outros ficaram no cargo por períodos de quatro anos ou menos. É verdade que Cícero Pompeu de Toledo e Laudo Natel se tornaram dois dos mais importantes presidentes da história são-paulina. Afinal, o primeiro foi o responsável por dar início às obras do Morumbi (e inclusive dá o nome ao estádio), enquanto o segundo levou a construção até o final. Mas também é verdade que o período de seus mandatos (48-71) foi de vacas magras em termos de títulos, com as conquistas de apenas 6 Campeonatos Paulistas. Nos 75 anos do São Paulo, parece inclusive existir uma relação entre duração do mandato e conquista de títulos. Os dois períodos mais vitoriosos do clube aconteceram sob o comando de presidentes que ficaram quatro anos no cargo. Entre 1990 e 1994, José Eduardo Mesquita Pimenta conquistou dois mundiais, duas Libertadores, duas Recopas Sul-Americanas, uma Supercopa, um Brasileirão e dois Paulistas. E entre 2002 e 2006, Marcelo Portugal Gouvêa levou o clube a um Mundial, uma Libertadores, um Brasileiro e um Paulista. Resultados esportivos à parte, o fato é que a extensão do mandato de Juvenal também contraria o movimento recente dos principais clubes de São Paulo em busca de alternância política. O Palmeiras, depois de 12 anos com Mustafá Contursi, já teve Affonso Della Mônica e Luiz Gonzaga Belluzo como presidentes desde 2005. E o Corinthians, após 14 anos de Alberto Dualib, está com Andrés Sanchez no poder desde 2007 e terá um novo presidente eleito em dezembro.

Nenhum comentário: