quarta-feira, janeiro 26, 2011

Espanha

Através dos meios de comunicação e conversando com acadêmicos e militantes sindicais, pude constatar o tamanho do buraco onde a Espanha esta metida através das “aventuras” da banca oficial jogando e apostando nos capitais de risco. A solução que vem da Comissão Econômica da União Européia e do FMI não é boa para a maior parte do povo que habita a Península. A receita implicaria em aumentar a idade mínima para a aposentadoria; diminuir a ajuda do seguro-desemprego; enxugamento da máquina pública em todos os níveis, com especial atenção para a redução dos orçamentos dos governos sub-nacionais, mirando nos gastos e endividamento das autonomias, batendo duro naquelas com pretensões nacionalistas como Catalunha, País Basco e Galícia; tudo isto sem falar em medidas privatizadoras e os acordos coletivos para a redução de salários. Esta última já ocorreu em Portugal, com os salários de servidores públicos reduzindo-se em 10%, sendo aprovada goela abaixo da classe trabalhadora e sem uma resposta a altura. A festa acabou e quem irá apagar as luzes será o segundo governo de Zapatero, primeiro ministro do PSOE – um partido outrora social-democrata, mas no momento, quando muito, um síndico dos desígnios da União Européia. As correlações de forças são relativamente simples de descrever. Alemanha e França põem no caixa comum da UE os fundos mais substanciais. Na Espanha em particular bancaram a festa do crescimento e da distribuição de renda – direta e indireta - num ciclo expansivo que tem como ano zero 1992 – Olimpíadas de Barcelona – e não sendo mais interrompido até o final do inverno de 2009. Segundo Angela Merkel e Nicolas Sarkozy, o Estado Espanhol demorou a reconhecer os problemas e tardou mais ainda em começar a apertar o cinto de suas contas públicas. Aquilo que aparece como “crise” é de fato o reflexo da maior transferência de renda da história da humanidade, saindo do pagador de última de instância e indo tapar o buraco dos bancos com pouca liquidez. O dinheiro que jorrava para gastos de todos os tipos, alimentando a bolha imobiliária, endividou a população e elevou as margens de lucro de bancos e empreiteiras a níveis inimagináveis. Agora, a “solução” apresentada como luz no fim do túnel é recessão, conformidade com o desemprego e aumento da precariedade no mundo do trabalho. A tensão social vai recomeçar.

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