quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Análise e Estratégia

Raúl Castro e Dilma Rousseff foram guerrilheiros no período da bipolaridade. O atual presidente de Cuba é de uma geração anterior, pioneira e heroica para a época, inspirando a presidente do Brasil e seus correligionários. A revolução cubana marcou a mudança de um período, estraçalhou com os Acordos de Yalta e a política de fronteiras ideológicas estabelecidas pelas superpotências, EUA e URSS. Hoje Cuba permanece com o regime de partido único e estrutura de Estado com dominação burocrática, economia planificada e política de direitos sociais e distributivos. A Ilha é uma fonte permanente de polêmicas!!! 
A ex-militante da luta armada que não cantou ninguém quando presa nas masmorras de Sérgio Fleury viu-se diante de um problema. Numa ação midiática muito bem executada, a conhecida blogueira Yoani Sánchez chamou a atenção do Itamaraty tentando pôr as chancelarias cubana e brasileira em saia justa. Não funcionou, pois Dilma esquiva-se do ponto da polêmica, relativizando o fato de que os direitos humanos são afrontados em todos os países, a começar pela imundície do sistema carcerário brasileiro, assim como o atentado contra a soberania, tais são as aberrações jurídicas da prisão e base americana em Guantánamo e a presença inglesa nas Malvinas. 
O problema desta relativização é mais uma vez evadir da polêmica real. Cuba é um regime fechado e se aproxima a cada dia da fórmula chinesa, onde há liberdade de mercado e ditadura política. Na ilha de Camilo Cienfuegos, há dissidentes e estes não são necessariamente mafiosos residindo na Florida e apoiando a extrema-direita republicana. Digo mais, a parte majoritária da oposição cubana não é pró-EUA, não é liberal e uma parcela considerável está dentro do Partido Comunista de Cuba, na chamada linha crítica e no setor católico. Outra parte considerável prega a democracia participativa e pode ser vista através do Red Protagónica Observatorio Crítico. Uma preocupação constante deste último setor é desmarcar-se das viúvas de Fulgencio Batista e desassociar a liberdade política com a selvageria do “livre” mercado. 
Não há novidade neste texto e sim a denúncia de ocultação. Infelizmente as informações aqui presentes, embora tenham circulação no pensamento latino-americano, simplesmente desaparecem da cobertura internacional da mídia brasileira.

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