terça-feira, abril 10, 2012

Falta Meritocracia

Segundo a mitologia grega, Sísifo era um rei justo e astuto que se envolveu em uma confusão com os Deuses e acabou levando a pior. De todos os personagens da mitologia grega, a ele parece ter sido reservado o pior castigo: foi condenado a empurrar uma pedra até o topo de um monte, soltá-la, descer ao pé do monte e repetir tudo de novo. Eternamente. Castigo considerado pior que a morte. Sísifo simboliza o trabalho inútil. Ele é a versão mitológica do enxugador de gelo. Ele representa todas as pessoas que, não sendo produtivas, estão sempre ocupadas. Sísifo ajuda a entender porque organizações com excesso de funcionários são tão improdutivas. É trabalho que não gera valor, nem tem mérito. Em 1955 foi publicado pela “The Economist” um artigo com o titulo “A lei de Parkinson”, escrito por C. Northcote Parkinson, professor da Universidade de Singapura. O autor explicou que, no trabalho, o tempo disponível é fixo, mas o montante de trabalho é flexível. Assim, as pessoas vão sempre esticar ao máximo a quantidade de trabalho de maneira a fazer com que ela preencha todo o tempo disponível. Por isso, aumenta-se desnecessariamente a burocracia e complicam-se os procedimentos. Segundo Parkinson, isto ocorreria por dois fatores. O primeiro é a lei de multiplicação de subordinados: cada chefe quer multiplicar o número de subordinados para aumentar seu poder em relação aos seus concorrentes. O segundo é a lei de multiplicação do trabalho: o aumento do número de funcionários de um departamento gera aumento no trabalho a ser feito por todos os departamentos que se relacionam com ele. A relação entre recompensa e mérito se enfraquece. Cria-se um sistema perverso que não gera valor para a sociedade. As organizações passam a viver exclusivamente em função delas mesmas sem com isso servir eficientemente a qualquer função social ou econômica. O mérito perde o sentido. A busca e preservação de posições e poder é somente o que conta. O império da lei de Parkinson traz a mesma frustração expressada por Rui Barbosa quando disse que ”de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto“. A lei de Parkinson é o triunfo do corporativismo sobre o mérito. É a condenação da sociedade ao castigo de Sísifo

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