terça-feira, outubro 08, 2013

REFORMAS

A taxa de desenvolvimento de um país pode ser vista como a soma de três componentes: a resultante do seu próprio esforço interno e da qualidade da sua política econômica, os efeitos de sua interação com o mundo, no que tange ao movimento de capitais e de comércio, que dependem, por sua vez, do esforço interno e da qualidade da política econômica dos seus parceiros internacionais e de "choques" globais que afetam simultaneamente todos os países, ainda que cada um à sua moda. É isso que explica o nível da "covariação" entre as taxas de crescimento dos vários países. Em setembro último, comemorou-se o quinto ano desde a enorme barbeiragem das autoridades monetárias americanas e inglesas, que foram atropeladas por sua incompetência em organizar a saída do Lehman Brothers do mercado. Finalmente parece que a justiça começa a bater nas portas dos que foram diretamente responsáveis pela destruição de 1/3 do PIB mundial e pelo desemprego de mais de 40 milhões de pessoas, que viviam honestamente do seu trabalho, enquanto eles continuaram a acumular formidáveis patrimônios. A recessão iniciada em 2008 foi muito profunda e a recuperação lenta. As medidas monetária e fiscal foram insuficientes e mal coordenadas, não apenas por dificuldades políticas, mas também porque estávamos sem bússola numa noite escura num mar revolto nunca dantes navegado... Os sinais de recuperação das economias desenvolvidas são tênues, modestos e contraditórios. Por outro lado as emergentes, que foram o suporte do crescimento global, parecem imergir, iniciando um ciclo de menor crescimento. O Brasil talvez tenha antecipado o ciclo, pelos efeitos da segunda componente mencionada acima, além de problemas próprios, como a queda de confiança do setor privado e a lentidão para fazer obras eficientes de infraestrutura. A verdade é que temos respondido frouxamente a algumas reformas absolutamente necessárias, como a radical simplificação do sistema tributário, o enfrentamento do problema previdenciário e a redução do dramático aumento das incertezas produzidas pela ação discricionária do Tribunal Superior do Trabalho. Seguramente, não é o presente desconforto com relação às políticas monetária e fiscal que preocupa os potenciais investidores. O que importa é o temor que a aparente pouca importância dada às reformas acabará por tornar o Estado insustentável.

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