terça-feira, novembro 09, 2010

É Guerra!!!

Calma, o Brasil não vai invadir a Argentina, que pena!!! A guerra é cambial e foi anunciada pelo ministro Guido Mantega. Por que você deveria se importar? Porque seu emprego, os lucros da sua empresa, o apartamento novo, a viagem para o Caribe, tudo que você pretende comprar depende desta guerra. O mundo que surgiu após a crise financeira global de 2008 é bipolar. De um lado, Estados Unidos, Europa Ocidental e Japão, com consumidores e governos endividados até o pescoço, os empregos e o crédito sumindo. Do outro, os emergentes, liderados por China e Brasil, onde empregos e crédito nunca foram tão fartos e o crescimento econômico bate recordes. Para estimular suas combalidas economias e financiar déficits públicos impagáveis, os países ricos vêm imprimindo dinheiro em quantidades colossais. Entretanto, a maior parte deste dinheiro não está virando consumo por lá, e sim investimentos por aqui. Apavorados, seus consumidores pisaram no freio e começaram a poupar. O dinheiro depositado nos bancos acaba investido aqui, onde a rentabilidade é muito maior. Para completar, com a China consumindo quantidades cada vez maiores de matérias-primas, as tais commodities, os preços dos produtos exportados pelo Brasil não param de subir, favorecendo nossa balança comercial. Some-se a isto o pré-sal, a capitalização da Petrobras, multinacionais investindo por aqui, e o dólar vale cada vez menos. Aliás, isto é parte importante do processo de ajuste dos atuais desequilíbrios da economia global. Quando foi a última vez que você comprou um produto made in USA? Pois é. Nas três últimas décadas, os americanos gastaram muito mais do que produziram. Com o sumiço do financiamento, chegou a hora de pagarem a conta. Para isso, os custos para produzir nas terras de Tio Sam terão de cair. Isto acontecerá através de um dólar em queda livre – que torna produtos americanos mais baratos no resto do mundo – e uma bela recessão, que elimina empregos, forçando os americanos a aceitarem salários mais baixos. Desde 2008, enquanto foram criados mais de cinco milhões de novos empregos no Brasil, nos EUA sumiram oito milhões. No mundo pós-crise, os países emergentes vão consumir mais e os ricos produzir mais. Tomara que isto aconteça sem que a guerra cambial se transforme em uma guerra comercial, com barreiras protecionistas erguidas mundo afora. Tal protecionismo foi uma das principais razões da Grande Depressão dos anos 30. Uma valorização da moeda chinesa ajudaria a evitar uma guerra comercial, mas, com ela ou sem ela, é bom estarmos preparados para um real cada vez mais forte.  Para quem acha que o governo brasileiro deveria fazer mais para conter a queda do dólar, é bom saber que apenas o custo de carregamento de nossas reservas internacionais é próximo a R$ 40 bilhões por ano, o triplo do gasto com o Bolsa Família. Ainda, se o governo conseguisse evitar que o dólar caísse e, assim, impedir que os importados chegassem tão baratos por aqui, é provável que, com menos competição, a inflação subisse e as taxas de juros também. E aí, bye-bye financiamento barato para o seu carro, o apartamento novo, o Caribe...

Vai dar certo!!!

Como deverá ser o Brasil no final de 2014? Se o ritmo atual de crescimento for mantido, Dilma Rousseff chegará ao fim de seu mandato à frente da quinta maior economia do mundo. Um país com um PIB de R$ 5,2 trilhões e 114 milhões de pessoas na classe média, que terá eliminado a miséria extrema e incorporado mais de 25 milhões de brasileiros ao consumo. Excesso de ufanismo? Pois são exatamente essas as previsões dos grandes investidores, dos banqueiros, das multinacionais e dos líderes nacionais. No mundo de hoje, apenas uma coisa é proibida: fechar os olhos para o despertar desse novo Brasil. De todos os presidentes eleitos após a redemocratização, Dilma é a que teve mais sorte. Collor herdou a hiperinflação de Sarney, FHC o Plano Real de Itamar e Lula recebeu uma economia estagnada, a herança maldita dos anos FHC. Os ventos sempre podem mudar de direção, mas é improvável que o Brasil saia do rumo nos próximos anos. Primeiro, porque Dilma tem bom-senso. Segundo, porque conta com uma equipe econômica já testada e aprovada, aqui e lá fora. Terceiro, porque o País se tornou imprescindível para um mundo que demanda cada vez mais alimentos e outros recursos naturais – e o Brasil também faz diferença por dispor de um grande mercado interno, em plena expansão. O grande desafio de Dilma será o de fazer um governo de continuidade, sem continuísmo. Ela terá de imprimir seu estilo no Palácio do Planalto, encontrando o equilíbrio entre a experiência e a renovação. Para atravessar com tranquilidade os próximos quatro anos, ela precisará ainda de duas âncoras: uma na economia e outra na política. No primeiro caso, é bem simples. Basta perseverar no rumo atual e manter nomes como Guido Mantega e Henrique Meirelles. No segundo, ela contará com o bom-senso de nomes como Antônio Palocci e Michel Temer, que poderão auxiliá-la a administrar pressões. Se souber delegar responsabilidades, Dilma poderá se dedicar plenamente ao que realmente interessa: educação, saúde, segurança e infraestruturaPor fim, o resultado das urnas também abre uma oportunidade única para o PT. Depois de chegar ao poder graças à força de um mito, o do operário Luiz Inácio Lula Silva, o partido conseguiu, dentro das regras democráticas, eleger também o seu projeto de governo. O que deveria provocar uma reflexão naqueles que, embora tolerem a democracia, ainda carregam uma alma autoritária. Um conselho? Não percam tempo com enfrentamentos desnecessários e com eventuais recaídas na direção de um Estado policial. O chavismo, que mora ali ao lado, já dá sinais de esgotamento em países como a Venezuela e o Equador. E o Brasil é a prova de que existe um caminho para a redistribuição de renda dentro da democraciaPara os que votaram contra Dilma, restam apenas duas alternativas: aceitá-la ou ficar choramingando pelos cantos. A primeira é bem mais produtiva. Quem optar pela segunda perderá o bonde da história, pois chegou a vez do Brasil.

quinta-feira, novembro 04, 2010

Até logo...

Segue...

Lula disse que já havia decidido consultar seu sucessor sobre o substituto do ministro Eros Grau no STF. Mas um amigo do peito conta que o presidente bateu o martelo: deve deixar a nomeação para o próximo governo. Um nome bem cotado, diz o mesmo amigo, é o de um xará de Lula — o advogado-geral da União, Luís Inácio Lucena Adams.

O destino de Nego, cachorro da residência oficial da Casa Civil, preocupa ONGs de defesa dos animais. É que o totó já foi largado uma vez, com a saída de Zé Dirceu, e se apaixonou por sua sucessora, Dilma. Agora, com a eleição da petista, Nego pode ficar só de novo.

Nelson Sargento, o grande compositor mangueirense, fez um anagrama para Dilma. Veja só: "Dinâmica/Inteligente/Leal/Magnânima/Altruísta."


Romário, agora deputado, voltará aos campos. Jogará pelo Brasil contra seleções da Holanda, da Argentina e da Inglaterra no Football Festival da Soccerex, no Rio. O time de veteranos, com Zetti, Cafu e Denílson, será dirigido por Carlos Alberto Torres.

É a economia, estúpido!!!

As duas eleições, a Brasileira e a Americana reafirmaram a tese que ficou famosa a partir da eleição de Bill Clinton: “É a economia, estúpido”, avisava o marqueteiro James CarvillePois foi a economia que ditou o resultado nos dois países, que passam por momentos bastante distintos. Dilma Rousseff foi eleita alavancada pela sensação de bem-estar trazida pelo crescimento econômico, que também é o grande responsável pela popularidade presidencial. A base aliada do governo dominou as duas Casas do Congresso com uma maioria de cerca de 70% que, embora seja apenas teórica, mostra sua força eleitoral. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama vive momento oposto. Sua popularidade desceu aos níveis mais baixos desde que foi eleito, e a economia americana só fez desabar desde então, fazendo com que o índice de desemprego chegasse aos maiores números da história recente. Ao contrário, no Brasil, a taxa de desemprego é das menores já registradas. Este ano materializou-se de forma mais clara o desafio enorme que os EUA enfrentam como conseqüência de opções feitas ao longo desses anos de pós-guerra, com uma sociedade movida a alto consumo interno. O candidato Obama, que parecia ter a solução para todos os problemas que a crise econômica que eclodiu em 2008 trouxe à tona, transformou-se no presidente que, contrariamente a Lula, teve muito azar e virou o pára-raios da frustração dessa mesma sociedade que não está acostumada a ter que poupar e conter seus gastos. O que ocorre é uma espécie de catarse coletiva, com o Partido Republicano tornando-se o desaguadouro de todas as reclamações da sociedade americana, que não sente efeitos positivos nas medidas econômicas adotadas pelo governo Obama. A mesma catarse que transformou Barack Obama na solução mágica contra a era Bush, com guerras que levavam inquietação ao país, e a crise econômica que vinha se aprofundando. Provavelmente por inexperiência, Obama estabeleceu prioridades equivocadas e falhou na execução. O governo gastou muita energia na aprovação da reforma da Saúde, que era uma das prioridades da campanha, mas que deveria ter sido postergada diante do agravamento da crise econômica, que se mostrou muito mais severa do que se imaginava. Há uma percepção negativa exagerada de Obama, provavelmente fabricada por Wall StreetO Partido Republicano recusou desde o primeiro momento a proposta de Obama de fazer um governo bipartidário para enfrentar a crise, e atacou sem piedade as medidas do governo, ressaltando o alto custo da reforma da saúde. Essa postura radicalizada da oposição nos Estados Unidos também pode ser comparada com a oposição brasileira durante os últimos oitos anos. Ao mesmo tempo, os radicais do Tea Party ressaltam o que consideram ser indícios de um Socialismo de ObamaÉ difícil afirmar que a carreira política de Obama esteja encerrada com esta derrota espetacular que sofreu, mas que ele corre o risco de se tornar um Jimmy Carter, isto corre. O semblante do presidente Barack Obama durante a entrevista coletiva em que admitiu que o recado de descontentamento das urnas era muito claro, mostra como ele se abalou com o tamanho da surra que o Partido Democrata levou nas eleições. O paralelo mais comentado depois da derrota foi o que aconteceu com Bill Clinton, quando também sofreu uma derrota acachapante nas eleições de meio de mandato e depois se recuperou. Em 1994, porém, a economia dos Estados Unidos estava em recuperação, o que não acontece hoje e provavelmente não acontecerá nos próximos dois anos. Ao contrário, a crise está levando as empresas a cortarem suas gorduras, e o aumento da produtividade no país pode segurar o desemprego em taxas altas pelos próximos anos.

terça-feira, outubro 26, 2010

Ministro Pífio

Como consequência da Guerra das Malvinas, quando a Argentina, por ter abdicado da produção própria de fármacos, ficou desabastecida de medicamentos, o Governo Militar Brasileiro aprovou um programa de desenvolvimento dos princípios ativos (fármacos) dos 350 remédios constituintes da farmácia básica nacional. Estimava-se que, em dez anos, seria possível desenvolver, por engenharia reversa, pelo menos 90% desses produtos. De fato, em pouco mais de três anos, cerca de 80 processos já haviam sido desenvolvidos e 20 produtos já estavam sendo produzidos e comercializados por empresas brasileiras. Precipitadamente, o governo Itamar Franco tentou lançar a produção de Genéricos. O poderoso Cartel de multinacionais de medicamentos se insurgiu. Ameaçou-nos de desabastecimento, derrotou e humilhou o Ministério da Saúde. Poucos anos depois, esse cartel não somente cedeu prazerosamente ao Ministro José Serra, então na pasta da Saúde, como até fez dele seu "homem do ano". Seria o costumeiro charme do ministro? Seu sorriso cândido? Senão, qual o mistério? Como consequência da isenção de impostos de importação para o setor de química fina, da infame Lei de Patentes e de outras obscenidades perpetradas pela administração FHC, mais de mil unidades de produção no setor de química fina, dentre as quais cerca de 250 relativas a fármacos, foram extintas. Além do mais, cerca de 400 novos projetos foram interrompidos. Os dados foram extraídos de boletim da Associação Brasileira de Indústria da Química Fina. Em poucos anos, o deficit da balança de pagamentos para o setor saltou de US$ 400 milhões para US$ 7 bilhões. Quem acha que, com isso, Serra não merece o título de homem do ano das multinacionais de medicamentos? Também os "empresários" brasileiros do setor de genéricos têm muito a agradecer ao ex-ministro da Saúde, pelas suas margens de lucro leoninas. Basta ver os imensos descontos oferecidos por quase todas as farmácias, que com frequência chegam a 50%. Os genéricos do Serra nada têm a ver com GenéricosE o tão aclamado programa de AIDS do Serra? Países ricos ficavam muito aquém do Brasil. Como foi possível? E por que será que, nesse mesmo período, os recursos orçamentários destinados ao saneamento básico não foram usadosO então dispendioso tratamento de um único doente de Aids correspondia à supressão de recursos para saneamento básico que salvariam centenas de crianças de doenças endêmicas, com base em uma avaliação preliminar. Será que Serra desviou recursos do saneamento básico? Mistério! Mas persiste o fato de que, durante a administração Serra na Saúde, os recursos destinados ao saneamento, à época atribuídos a esse ministério, não foram aplicadosMesmo sem contar mistérios como aqueles dos "sanguessugas" e da supressão do combate à dengue no Rio, entre outros, considero pífia a atuação de Serra no Ministério da Saúde.

Cápsula da Cultura