segunda-feira, janeiro 29, 2007

Bué

O diretor do Banco Mundial para o projeto da linha 4 do metrô de São Paulo, Jorge Rebelo, negou que o banco tenha "exigido" ou "sugerido" ao governo paulista a contratação das obras da linha 4 por meio do modelo "turn key" (preço fechado).
A declaração contradiz afirmação do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB)....
Mesmo fora do poder o velho nariz de pinóquio não sai de cena.

Câmara

Uma coisa boa é que doravante será difícil deixar de haver debate quando houver eleição para presidente da Câmara dos Deputados. A democracia é assim: os hábitos surgem do nada e acabam se arraigando. O debate foi duro, como convém a contendas entre adversários. Foi curioso ver aliados de ontem se engalfinhando e adversários de ontem de mãos dadas. É a política. O PT parece ter se magoado com a fala final do presidente da Câmara, que advertiu contra uma possível concentração de poder nas mãos do PT. Eu não veria essa afirmação de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) como uma crítica. Do ângulo da ciência política, chega a ser um elogio. Partidos existem para lutar pelo poder. Quanto mais, melhor. Por isso é que o pluralismo partidário é insubstituível na democracia: o apetite de um partido é controlado pelo apetite dos demais. Eu não conheço mecanismo mais eficaz para defender a liberdade. Você conhece?
Eu proponho que esse debate seja feito objetivamente. Por exemplo, se o sujeito acha que só o PT é quem pode fazer as reformas necessárias para levar o Brasil a crescer e distribuir renda, é compreensível que essa pessoa lute para o PT ocupar cada vez mais espaços, ainda que à custa de posições hoje ocupadas por aliados. Se o indivíduo está convencido de que o PT é a única corrente política genuinamente comprometida com a luta dos trabalhadores e as aspirações dos pobres por justiça social, tem mais é que ajudar a remover todo e qualquer obstáculo ao poder do PT. Aliás, não há novidade nesse enredo. O PT age agora em relação ao PCdoB e ao PSB como sempre agiu em relação a aliados com projetos próprios de poder. O PT foi implacável com o PMDB até subjugá-lo. Deu certo. Hoje, as facções peemedebistas rivalizam nas mesuras dirigidas ao PT. Até o PSDB já dá sinais de ceder diante do mix de dureza e ternura dos petistas. Pensando bem, ao desencadear a operação Delenda Aldo, o PT-Governo presta uma homenagem à aliança PSB-PCdoB. Reconhece a ambos não como aliados menores, mas como concorrentes. Não existe reverência maior na política. É preciso saber, porém, se socialistas e comunistas estarão à altura da honraria.

Previdência

Confiram o excelente artigo de Luís Nassif sobre a questão da Previdência. Precisa ser lido por todo o governo. Nassif mostra que todo o debate sobre o déficit da previdência está contaminado pela idéia de que uma reforma radical vai reduzir o déficit. Isso não é verdade – aliás, o economista Amir Khair tem repetidamente batido nesta tecla, sem resposta dos reformistas.
Um silêncio que compromete.

Confiram entrevista com o novo presidente da OAB

Vejam e leiam na Folha a entrevista com o novo presidente da OAB, Cezar Britto.
É uma pérola do jornalismo brasileiro. Fora a pergunta sobre um factóide inventado pela própria mídia – o terceiro mandato, uma provocação barata –, o título, "Onda populista na América Latina deve ser respeitada", não condiz com a pergunta e nem com a resposta do entrevistado.
Confiram:
Folha - Na Venezuela e na Bolívia, a Constituição tem sido alterada para aumentar os poderes dos presidentes. Como o sr. vê esse momento e que distinção faz com o Brasil?
Cezar Britto - O Brasil sempre teve uma postura correta de respeitar a determinação dos povos. Cada pessoa tem direito de escolher a face do seu país e a forma como ele será desenvolvido. Na América Latina, embora se fale da volta do populismo, ele tem nascido com a vontade e a participação expressa do povo, e isso tem de ser respeitado. Esse fenômeno é decorrente da expressão popular, não de golpes militares nem da força, o que é bom para a América e para o mundo. É diferente quando a democracia é imposta, como ocorre no Iraque. Lá, a democracia é por imposição de um país sobre o outro. Então, há uma grande diferença entre as duas situações. A democracia não nasce por imposição, mas pela vontade do povo.

O BRASIL NÃO PODE ESQUECER

No dia 13/12/1968, dia em que o governo militar fechou o Congresso, ordenou a prisão de Juscelino Kubistchek e decretou o Ato Institucional n.º 5 (que cassou dezenas de mandatos, permitiu intervenção nos Estados e municípios, suspendeu a garantia de habeas corpus em casos de crime contra a segurança nacional e confiscou bens) o General Meira Mattos, que foi colunista da FSP até 2006, foi o encarregado, pelo comando militar, de FECHAR O CONGRESSO e "desalojar de lá, a qualquer preço, vivos ou mortos", os deputados brasileiros que, tendo ocupado o prédio, tentavam ainda impedir, com a própria presença, que o Congresso fosse fechado.
Há necrológios -- assim como há jornais, jornalistas e jornalismos, que dizem mais pelo que ocultam do que pelo que lembrem.
Que descansem em paz.

Força Nacional

A primeira página do Jornal de Brasil é quase toda ocupada pela foto de uma policial da Força Nacional que chegou no Rio de Janeiro.
Um contingente de quinhentos policiais enviados pelo governo federal fica no Rio até o final dos Jogos Pan-Americanos. O título da foto é “A nova cara da segurança”. O subtítulo é mais explícito: “O rosto, bonito, transmite firmeza à policial da Força Nacional récem-chegada ao Estado do Rio”.
Valquírias e outras personagens louras da literatura e da mitologia ocidental representaram a beleza combinada à força guerreira. O texto e a foto do JB sugerem que a moça loura, de olhos verdes, dará segurança à cidade traumatizada pela explosão da criminalidade.
Aqui não existe literatura nem mitologia, apenas inverossimilhança.

PAC prevê investimentos de R$ 503 bi

O Presidente Lula lançou o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê corte de impostos e investimentos de R$ 500 bilhões até 2010, com prioridade para a infra-estrutura. Lula afirmou que o pacote vai permitir ao país crescer de forma mais acelerada. O programa engloba um conjunto de medidas destinadas a desonerar e incentivar a iniciativa privada, aumentar os investimentos públicos e aperfeiçoar a política fiscal.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

HAJA ASPIRINA!

Como diz aquele slogan, "Se é Bayer, é BOOOOM"!!!

O Kara!!!!

O Metalurgico

O afastamento de Castro, em Cuba, deixou espaço para uma discussão de como dar um pouco mais de racionalidade à economia do país, por meio do estabelecimento de incentivos que permitam aos cidadãos apropriarem-se de parte dos benefícios de sua iniciativa. No mesmo momento, Venezuela, Bolívia e Equador anunciam o caminho contrário. Depois de chegar ao poder em 1959 e de introduzir o planejamento central, Castro tentou, no período 1966-70, criar o "novo homem", educando a classe urbana ( como já haviam tentado Stálin e Mao) , mandando-a cortar cana, e estatizando até pequenos negócios. Com o fim da ajuda soviética, houve pequenas liberações e iniciou-se uma discussão que, ao transcender o círculo governamental, foi cruelmente interrompida em 1996. Agora a mesma discussão está discretamente voltando à tona. Chávez, aparentemente, acredita que terá sucesso na criação do "homem novo", que se moverá pelo altruísmo e, generosamente, obedecerá à sua liderança. Crê que vai ter êxito onde tantos fracassaram. Algumas pessoas temem que o Presidente Lula possa entusiasmar-se com tal idéia, tão generosa quanto desastrosa. Para estes, recomendo um pequeno excerto do discurso de posse de Lula no Sindicato dos Metalúrgicos, no dia 19 de abril de 1975: "O momento da história que estamos vivendo apresenta-se, apesar dos desmentidos em contrário, como dos mais negros para os destinos individuais e coletivos do ser humano. De um lado, vemos o homem esmagado pelo Estado, escravizado pela ideologia marxista, tolhido nos seus mais comezinhos ideais de liberdade, limitado em sua capacidade de pensar e se manifestar. E, no reverso da situação, encontramos o homem escravizado pelo poder econômico, explorado por outros homens, privados da dignidade que o trabalho proporciona, tangidos pela febre de lucro, jungidos ao ritmo da produção, condicionados por leis bonitas, mas inaplicáveis, equiparados às máquinas e ferramentas. " Lula nunca foi aprisionado no dogmático marxismo de "pé quebrado" que freqüentou nossas academias e encantou muitos de nossos "intelectuais". Talvez registre alguma influência da solidariedade concreta de Dom Cláudio Hummes à greve de 1979, quando o "Partidão" e grandes políticos do MDB se esquivaram de apoiá-la.

sábado, janeiro 20, 2007

ENTREATOS E PEÕES EM DVD


ENTREATOS
De 25 de setembro a 27 de outubro de 2002 a equipe de filmagem acompanhou passo a passo a campanha de Luís Inácio Lula da Silva à presidência da República. O filme revela os bastidores de um momento histórico através de material exclusivo, como conversas privadas, reuniões estratégicas, telefonemas, traslados, gravações de pronunciamentos e programas eleitorais.
PEÕES
A história pessoal de trabalhadores da indústria metalúrgica do ABC paulista que tomaram parte no movimento grevista de 1979 e 1980, mas permaneceram em relativo anonimato. Eles falam de suas origens, de sua participação no movimento e dos caminhos que suas vidas trilharam desde então. Exibem souvenirs das greves, recordam os sofrimentos e recompensas do trabalho nas fábricas, comentam o efeito da militância política no âmbito familiar, dão sua visão pessoal de Lula e dos rumos do país.

Essa é boa...

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Somos todos marxistas

Marc Bloch, o grande historiador, disse a um amigo pouco antes de ser fuzilado pelos nazistas em junho de 1944: "Eu também sou marxista, mas não tenho nenhuma necessidade de dizê-lo; sou marxista como sou cartesiano".
Este é o ponto. Hoje, somos todos "marxistas", exatamente como somos cartesianos, kantianos, weberianos, keynesianos, freudianos, einsteinianos e assim por diante...
Para qualquer animal inteligente, Marx continua necessário, ainda que não seja suficiente. Os dois gigantes que o habitavam, o teórico e o revolucionário, foram pouco a pouco tomando distância entre si. O pensamento do velho Karl é uma máquina diabólica: seqüestra o leitor que não encontra saída fácil. Precisa de muito esforço para livrar-se das suas engrenagens lógicas e não o faz sem levar marcas indeléveis. De sua obra teórica ficaram sólidos resíduos, incorporados definitivamente à consciência da humanidade, mas que vão perdendo a sua identidade ao submergirem no que se supõe ser o estoque das "verdades" que conhecemos. O grande potencial da hipótese do materialismo histórico acabou aprisionando numa órbita em torno de Marx quase todos os construtores da sociologia ( Weber, Durkheim e Pareto) . Estes tentaram fugir à força de atração de Mefisto negociando com ele. E como se pode entender de outra forma a obra de Aron, de Mannhein, de Wright Mills ou de Schumpeter? A obra de Marx só não conheceu ainda a mais completa absorção pela corrente do pensamento universal porque, falsificada, transformou-se numa espécie de religião oficial do Império Soviético. Em lugar de uma sociedade sem classes e livre, construíram um mundo fantástico de opressão e de obscurantismo, como só intelectuais são capazes de fazer.
Portanto, ainda que alguns lamentem, hoje todos podemos ser marxistas "sem medo de ser feliz". ..