domingo, janeiro 07, 2007

Relatório Stern

Que o aquecimento global é um problema, ninguém tem dúvida. Que ele é fruto do excesso de civilização, tampouco. Mas o consenso sobre o tema acaba aí. Há duas questões centrais em discussão:
1) a quanto de bem-estar deveríamos renunciar hoje para garantir o bem-estar das gerações futuras, e
2) a quanto de bem-estar deveriam renunciar os ricos para aumentar o bem-estar dos pobres sem afetar o ecossistema.
Um doce para quem acertar a resposta à seguinte pergunta: os cidadãos e os governos dos países ricos preferem atacar principalmente o ponto 1 ou o ponto 2?
Foi o doce mais fácil que você já ganhou em toda a vida. Claro que os ricos preferem congelar o statu quo, centrar o combate ao aquecimento global em sacrifícios igualmente distribuídos pelo planeta. Já os pobres e menos ricos não são tão espertos assim. Em vez de lutarem com unhas e dentes para que o ponto 2 esteja nos centro dos debates, aceitam com grande passividade teorias sobre os prejuízos globais decorrentes do crescimento econômico acelerado. Mas esse é um problema velho no mundo em desenvolvimento. Elites econômicas e políticas habituadas a se curvarem diante do colonizador, diante da lógica do colonizador. É raro ver autoridades que tenham a coragem de enfrentar o debate nadando contra a corrente. Tive a idéia de escrever este post depois de ler a corajosa entrevista que o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica, Jerson Kelman, deu ao Valor Econômico no último dia 3. Leia e tire as suas conclusões.
Antes, em dezembro, o mesmo jornal já havia publicado um texto traduzido do Financial Times com críticas ao Relatório Stern sobre aquecimento global. O relatório foi encomendado pelo governo britânico e disseminou o pânico ao afirmar que se não forem tomadas medidas imediatas as perdas econômicas futuras decorrentes do aquecimento global serão maciças. Separei aqui também alguns links sobre o relatório, se você estiver interessado:

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