domingo, setembro 26, 2010

A Bala de Prata

A apenas uma semana da eleição, temos uma parte do sistema político, uma parte da sociedade e a maioria da imprensa em torcida para que a “última hora” faça com que os prognósticos a respeito de seu resultado não se confirmem. É natural que todos os candidatos, salvo Dilma, queiram que alguma reviravolta aconteça. Todos torcem pelo “fato novo”. Do outro lado, a ampla coligação que formará a maioria do próximo Congresso espera que nada se altere. Dilma lidera em todas as regiões do país, jogando por terra as análises que imaginavam que essas eleições consagrariam um fosso entre o Brasil moderno e o atrasado. Era o que supunham aqueles que leram, sem maior profundidade, as pesquisas, e acreditavam que Serra sairia vitorioso no Sul e no Sudeste. Não é isso que estamos assistindo. Dilma deve vencer em todos os estados. Vence na cidade de São Paulo, na sua região metropolitana e no interior. Lidera o voto das capitais, das cidades médias e das pequenas. As pesquisas dão a Dilma vantagem em todos os segmentos socioeconômicos. É a preferida de mulheres e homens, de jovens e idosos, de negros e brancos. Está na frente entre católicos, evangélicos e espíritas. Vence entre pobres, na classe média e entre os ricos. Lidera entre beneficiários do Bolsa Família e entre quem não recebe qualquer benefício do governo. Analfabetos e pessoas que estudaram, do primário à universidade, votam majoritariamente nela. É claro que sua candidatura não é uma unanimidade. Existe uma parcela da sociedade que não gosta dela e de Lula e que nunca votou em alguém do PT. São pessoas que até toleram o Presidente, que podem achar que é esperto e espirituoso, que conseguem admirar aspectos de seu governo. Mas que querem que Dilma perca. Se, então, Dilma reúne ampla maioria no eleitorado, o que seria a “bala de prata”? O que falta acontecer? Formular a pergunta equivale a considerar que o eleitorado ainda não sabe o que vai fazer, que aguarda a véspera para se decidir. Que tudo pode mudar!!!É curioso, mas quem mais acredita que os outros são volúveis são os mais cheios de certezas, os mais orgulhosos de suas convicções. Mas acham que o “povão” é diferente, que é incapaz de chegar com calma a uma decisão pensada e madura. É fato que sempre existe uma parcela do eleitorado que permanece indecisa até o final. Já vimos, em eleições anteriores, que ela pode oscilar. Sua movimentação pode provocar resultados inesperados, como ocorreu em 2006. Mas aquelas eleições também mostram como acontecem esses fenômenos. Neles, a única coisa que um uníssono da imprensa contra a candidatura Lula conseguiu fazer foi assustar os eleitores mais frágeis. Os dados indicam que os eleitores mais informados e com alto interesse em nada foram afetados pela artilharia da mídia, assim como os sem nenhum interesse. Aquela gritaria só fez com que as pessoas mais inseguras a respeito de suas escolhas ficassem confusas, ainda que apenas por alguns dias. Mal começou a campanha do segundo turno, Lula reassumiu as rédeas da eleição e avançou sem problemas até a consagração final. É como aquela comédia: Muito barulho por nada.

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