quarta-feira, setembro 01, 2010

Quando a oposição perde...

Quando a oposição é devastada pelo resultado eleitoral, alguém grita: "PRI". É um grito de advertência contra a instalação de um regime de partido único. Algo parecido com a coligação que governou o México de 1926 a 2000, sob a sigla do Partido da Revolução Institucionalizada. O apito de PRI costumava soar depois da eleição. Agora ele veio antes, com um inoportuno componente de derrotismo. Ele soou em 1970, quando a popularidade do General Médici e os camburões da polícia esmagaram o MDB. A oposição ficou com 87 das 310 cadeiras da Câmara, perdendo até o terço necessário para requerer uma CPI. O governo elegeu 42 senadores. Era o PRI. Quatro anos depois, o MDB elegeu os senadores em 16 dos 22 estados. Não se falou mais em PRI. Em 1986, cavalgando o Plano Cruzado, o PMDB de José Sarney elegeu 22 governadores, 36 senadores e a maioria dos deputados. Novamente: PRI! Desde então, o apito calou-se, para voltar a ser ouvido agora. Falar em PRI no Brasil quando o PSDB caminha para completar vinte anos de poder em São Paulo é, no mínimo, uma trapaça. Sabendo-se que o PT conformou-se com uma posição subsidiária nas eleições para governadores, o espantalho torna-se risível. Mas o paralelo histórico tem algo a informar. O PRI surgiu depois de uma revolução durante a qual mataram-se três presidentes. Seu criador não foi Emiliano Zapata, muito menos Pancho Villa, mas o General Plutarco Elias Calles, que assumiu em 1924 e governou até 1935, fazendo-se chamar de "Jefe Máximo". Esse período da história mexicana é conhecido como "Maximato". A má notícia para quem flerta com um "Lulato" é que um dia "El Jefe Máximo" teve uma ideia e decidiu entregar o poder ao companheiro de armas Lázaro Cárdenas. Encurtando a história, Cárdenas dobrou à esquerda, exilou meia dúzia de larápios do "Maximato" e, em 1936, despachou o próprio Calles, que ralou cinco anos de exílio. O que está aí para todo mundo ver é Lula pedindo votos para sua candidata, e uma grande parte do eleitorado, consciente e satisfeita, dizendo que atenderá com muito gosto ao seu pedido. Um país com a sofisticação econômica do Brasil, com a qualidade da sua burocracia e com o vigor de suas instituições democráticas não cai nas mãos de um PRI. Apitando-se, faz-se barulho, e só. O problema da oposição brasileira, com sua vertente demófoba, chama-se Lula, "El Jefe Máximo", que o embaixador Celso Amorim chamou de "Nosso Guia" e Dilma Rousseff qualificou como o "Grande Mestre".

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