quarta-feira, junho 29, 2011

Bolha de Crédito









A onda da bolha de crédito é para surfar nos juros. É conversa fiada esta agitação na mídia sobre um crescimento explosivo do crédito. Isso não existeO Brasil tem uma relação crédito/PIB ainda muito baixa em comparação a outros países, como você pode ver no gráfico acima, já que a taxa, agora, está em 47%. O crescimento, aliás, já era previsto. E foi menor até do que o estimado pelo BNDES. O forte crescimento do crédito é uma imposição do crescimento econômico e do consumo em qualquer parte do mundo.









O importante é que este crédito esteja saudável. Isto é, que tenha uma composição, taxas  e prazos adequados e que as condições da economia – produção, vendas, emprego e renda – estejam positivas, como estão, para que ele possa ser honrado. A bolha de crédito que estourou na crise do subprime dos EUA foi antecedida de um longo processo especulativo de troca de títulos podres. Não há o menor sinal de que isto esteja acontecendo aqui. Se olharmos num prazo maior, veremos que retomamos um ritmo de crescimento do crédito compatível com o que havia antes dos anos neoliberais. Era de 37% em 1994 e caiu, ao final do período FHC, a 24%, conforme gráfico abaixo. E isso porque o PIB cresceu pouco.












A qualidade do crédito melhorou, porque, contra um crescimento de 20% total, o crédito imobiliário, de mais longo prazo, cresceu quase 50%. Esse crédito, que representava quase 8% do volume total quando FHC assumiu, caiu a 1% no final do seu mandato e só agora volta a representar 4% do volume total de crédito. Os prazos também tiveram variação positiva, seguindo num ritmo de ampliação, exceto por uma insignificante redução no prazo para as empresas, normal quando se tem uma perspectiva de alta das taxas de juros. Idem com as taxas de inadimplência, que apresentaram oscilações pouco significativas, embora gostem de fazer escândalos sobre isso com variações de uns décimos de pontos percentuais. Se há algum risco para nossa cadeia de crédito, é o risco cambial. Do relatório oficial do Banco Central, publicado hoje, sem nenhum comentário da imprensa: “Os passivos internacionais apresentaram expansão trimestral de 15% em reais e de 17% em dólares, ao atingirem R$269 bilhões em março. Nesse sentido, a participação dos passivos internacionais no total de passivos exigíveis do sistema bancário elevou-se para 7%, contra 6% registrado em dezembro. A exemplo do ocorrido com os ativos, a representatividade dos bancos estrangeiros registrou avanço expressivo, passando a responder por 40% dos passivos internacionais, maior valor observado desde dezembro de 2009.” E não é para financiar geladeira em 12 meses que se toma tanto recurso em dólar. O noticiário sobre o assunto segue a tal lógica de mercado.

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