sexta-feira, junho 17, 2011

A Copa de 2014

Vinha fazendo enorme esforço para não escrever sobre a Copa de 2014. O tema tem sido abordado com grande frequência por muita gente. Depois, porém, da divulgação do milionário pacote em isenções fiscais  e ao relaxamento das regras das licitações, não resisto. E quero, agora, não apenas falar do Itaquerão, mas também do Morumbi, embora pareça meio fora de moda. Ontem, 16 de junho, completou-se um ano de um dos episódios mais marcantes do período pré-Copa: a exclusão do Morumbi. Durante o Mundial da África do Sul, a Fifa e a CBF anunciaram que o estádio do São Paulo estava fora do evento por falhas no projeto e, sobretudo, por não ter apresentado as garantias financeiras exigidas. Na ocasião, poucos levavam a sério, era compreensível. Sem o Morumbi, afinal, qual seria a arena de São Paulo??? Não havia. E o centro econômico do País fora da festa sempre foi algo impensável. O Pacaembu e o Palestra Itália não têm capacidade para uma abertura. E a construção de um novo local não estava em pauta. Assim que saiu a decisão oficial da queda do Morumbi, surgiram algumas alternativas, como Pirituba e Itaquera. No fim, o estádio corintiano acabou virando a "salvação". Mas já faz um ano e nada saiu do lugar. Corremos o risco de passar vergonha, não bastasse o espanto de ter de ler nos jornais informações como a da edição do último sábado: "Kassab dá R$ 420 milhões em incentivos fiscais ao Corinthians". Algo próximo do que a Prefeitura concede a hospitais e maternidadesA cidade está esburacada, vira um lago a cada chuva, a saúde, a educação e a segurança vivem os graves problemas que todos conhecemos. Quando o dinheiro público passa a empurrar a construção de um estádio, a preocupação só aumenta. Não sou daqueles que acham que uma Copa faz mal ao País. Ela garante empregos, benefícios, como a melhoria no transporte, e movimenta a economia. E não é o Mundial que vai transformar um homem honesto num corrupto. O desonesto sempre encontrará meios de levar vantagem. Também não sou contrário a investimentos em palcos de eventos, mesmo que tenhamos teoricamente outras questões prioritárias. Eles podem resultar em mais vagas de trabalho, dinheiro ao município e, consequentemente, melhorar a condição de muitas famílias. Mas não precisamos do Itaquerão. Se Andrés Sanchez quiser construí-lo para receber os jogos do Corinthians, que o faça. Não para 2014. As coisas andam devagar... "A água já bate no pescoço e o governo começou a operação socorro cedo demais". A exclusão do Morumbi se deu por questões políticas, todos conhecem o racha entre SPFC e a CBF. Mas um ano depois está claro que a única solução viável para a capital paulista e sem prejuízos aos contribuintes é mesmo o estádio tricolor. Há tempo para uma reaproximação. São Paulo não pode ficar fora do Mundial. E o Itaquerão é um grande risco. Um gesto bonito e humilde do Comitê Organizador de 2014 seria voltar atrás em sua decisão. Em Maio, fiz um tour pelo Morumbi. O campo do São Paulo é mais moderno que o japonês Sapporo Stadium ou a Allianz Arena, de Munique? Claro que não, a diferença é gigantesca. Mas o Morumbi não perde, por exemplo, para o Westfalenstadion, de Dortmund, sede de grandes jogos na Copa de 2006. O São Paulo fez algumas reformas que tornaram o estádio bem mais agradável e confortável para o público. Os banheiros, por exemplo, têm outra apresentação. O anel inferior não fica mais tão perto do campo. O contrato da cobertura já esta assinado. Com poucas mudanças, o Morumbi pode fazer bom papel em 2014

Nenhum comentário: