terça-feira, dezembro 26, 2006

Proibido para menores

"Os altos juros bancários só vão cair com o aumento da competição no sistema financeiro". A frase não é do Conselheiro Acácio, mas de Henrique Meirelles.
E como vai aumentar a competição entre os bancos? "A competição será induzida pela estabilidade econômica e por normas criadas pelo governo para esse fim". A resposta também é de Meirelles. Parece o pessoal do Plano Real, ao abrir o mercado bancário às instituições estrangeiras, sob a alegação de que a vinda de grandes bancos do exterior traria com ela a competição. Nada contra bancos estrangeiros, mas visto alguns anos depois, a alegação restou como uma boa piada. Embora a taxa básica esteja em queda, e o crédito na economia continue mirrado, os juros pagos pelos viventes aumentaram. Portanto, depois de todos os anúncios, os spreads bancários estão ainda largos. Difícil acreditar que a competição possa aumentar com as medidas anunciadas até aqui. Pelas suas características, o setor bancário é quase um oligopólio. As barreiras de ingresso são enormes, os serviços oferecidos muito semelhantes e a diferenciação se faz pela propaganda. Quando a isso ainda se soma um governo altamente endividado, que aspira boa parte das poupanças no mercado e remunera o capital financeiro, a coisa não tem como fechar.
Só mesmo o Conselheiro Acácio para tornar solene a velha conversa fiada.

APARELHAMENTO



Confiram a íntegra da matéria aqui.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Previsões para 2007

Eu não sou, nem devo ser, astrólogo. E fazer previsões é especialmente arriscado no Brasil. Mesmo assim, boa parte dos problemas políticos e das chamadas questões nacionais, permitem, sim, um prognóstico de Ano Novo. Embora correndo riscos, portanto, o signatário considera que, em 2007, vai muito provavelmente acontecer o que se segue com os temas listados:
Ajuste fiscal: o economista, Delfim Netto vem há tempos batendo na tecla de que está em curso uma assustadora conta que não fecha na economia. Previsão: pouco ou nada vai mudar da tendência em 2007, apesar da conversalhada a respeito. Os "desenvolvimentistas" do governo vão dizer que fazer cortes significa cortar na área social. Empurra-se tudo com a barriga.
Base aliada: as bancadas que apóiam o Governo, depois de cobrarem alto preço por isso, vão continuar dando constantes sustos no Planalto.
Banco Central: seja quem for o presidente, e seja qual for a velocidade em que promover a baixa dos juros, será malvisto e criticado e levará a culpa pelo baixo crescimento do país. Pouquíssima gente reconhecerá seu papel no combate, bem sucedido, à inflação.
Congresso Nacional: mesmo renovado em 40%, deve manter o padrão. Não vai moralizar gastos excessivos. As CPIs que não derem em pizza serão as de importância secundária. Crescimento: a cifra que vier a apresentar estará invariavelmente abaixo dos desejos de boa parte da sociedade.
Justiça: apesar da justeza da reforma empreendida este ano, continuará lenta e injusta.
Oposição: fará muito barulho e fingirá estar unidíssima.
Polícia Federal: continuará fazendo operações espetaculares e colocando algemas em alguns figurões. Enquanto isso, sobrecarregada, com menos gente do que precisaria ter e menos dinheiro e dividida em várias facções políticas.
Política externa: o presidente Lula continuará tendo idéias e fazendo viagens.
PMDB: guloso e voraz, o partido faltará no Congresso em momentos importantes
Reforma política: agora que o Supremo derrubou a cláusula de barreira, só serão aprovados pelo Congresso penduricalhos sem importância. Nenhum dos temas-chave seguirá adiante. Reforma da previdência: todo mundo continuará a favor, desde que só sejam cortados os benefícios alheios.
Segurança pública: haverá profunda indignação a cada crime especialmente pavoroso ou crise grave.

Lula tem um exemplo a seguir

Há um mito no mundo da ciência política. Dizem que um segundo mandato é sempre pior do que o primeiro. A imagem do líder se desgasta, o Poder perde sua capacidade de iniciativa e o presidente se transforma no "pato manco". Embora seja uma daquelas teses jamais comprovadas, ela conta com algumas evidências empíricas. FHC, por exemplo, saiu-se melhor com o Plano Real, do que no governo seguinte, marcado pelo Apagão e pela estagnação econômica. Bush hoje é uma sombra do seu passado . Dito isso, nada indica que a maldição de um segundo mandato medíocre se repetirá com o presidente Lula. Ao contrário, os sinais surgidos após sua reeleição apontam na direção inversa. Um Lula 2.0, conciliador e mais experiente. E o paralelo histórico mais adequado talvez seja o de François Mitterrand, um líder socialista que também chegou ao poder após uma vitória cercada de expectativas e simbolismos. O primeiro mandato de Mitterrand teve dois componentes centrais: a sua forte coloração ideológica e o seu compromisso com os ideais da gauche française. Ainda assim, Mitterrand foi reeleito. O povo francês deu uma segunda chance a um dos seus heróis da Resistência. A diferença é que no seu segundo mandato, Mitterrand teve a sabedoria de captar os ventos da mudança. A mudança entre o primeiro e o segundo mandato foi tão profunda que seus velhos aliados passaram a chamá-lo de "mythe errant". A despeito disso, ele deixou um legado de modernidade e ainda hoje é tido pelos franceses como um de seus melhores presidentes. No Brasil de hoje, Lula é nitidamente um presidente em busca de um modelo que o inspire. Seu único compromisso é com a imagem que deixará para os livros de História. Talvez por isso, ele tenha dito que, enquanto o seu primeiro mandato foi o da "divergência", o segundo será o da "convergência". E a habilidade que Lula vem tendo para formar uma ampla coalizão no segundo mandato indica um governo mais suave, mais estável e com menos fricções. Há poucos dias, o presidente também fez uma confidência. Quer crescimento, pressente a necessidade de mudança e tenta asfaltar um ambiente político menos carregado. A única coisa que lhe falta, nessa versão 2.0, é a coragem de ousar.

PELAS COSTAS

O deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto (BA) levou uma facada nas costas, nesta segunda-feira, em Salvador. Segundo a assessoria, ACM Neto estava saindo de seu escritório, no bairro da Pituba, quando uma mulher, por volta de 35 anos, esfaqueou o parlamentar. A mulher foi detida e ACM Neto está em um hospital de Salvador. O deputado não corre risco de morte.
"Vaso ruim não quebra"

domingo, dezembro 10, 2006

Mundo Moderno

Eu já sabia!!!

Um estudo da Unicamp sobre a qualidade da água para consumo em Campinas revelou a presença de hormônios sexuais femininos. A pesquisa coletou, durante quatro anos, amostras de água bruta e potável na bacia do rio Atibaia, que abastece cerca de 92% de Campinas. Na água potável, foram encontrados um micrograma de progesterona por litro. Portanto, ao beber dois litros de água por dia, uma pessoa pode ingerir 60 microgramas dessa substância por mês.
Semana que vem sairá o resultado da água de Pelotas. Aguardem.

No Mínimo...

Alô, alô W Brasil
Chuvas em São Paulo podem ser praga de publicitários - ô, raça! Desde que foi aprovada a tal lei que acaba com anúncios luminosos na cidade, é uma enchente atrás da outra. Fala tu, Washington!
Candidata natural
Foi só saber que Lula e dona Marisa querem adotar uma menina e Marta Suplicy já lançou sua candidatura.
Ô, raça!
Washington Olivetto nega que chuvas em São Paulo sejam praga de publicitários em represália à proibição de anúncios luminosos na cidade. Só mesmo os publicitários não sabem do que são capazes os publicitários.
Melhor que bursite
Lula sente-se confortável para assumir segundo mandato. Torção no tornozelo é mole para quem já tomou posse com bursite.
Mulher de malandro
Do jeito que Adelaide apanha na Austrália, Romário vai acabar dando queixa na Delegacia de Mulheres. O Baixinho está um trapo.
Programa de índio
Lula quer tomar posse com moderação em festa sóbria. Ou seja, a passagem do primeiro para o segundo mandato promete ser uma chatice total. Essas coisas a oposição não vê!
Exagero Calma!
São Paulo não vai virar mar - e vice-versa, se Deus quiser.
Cachecol nunca mais
Ilze Scamparini pode ter tropeçado no cachecol ao fraturar a perna na Turquia. De volta a Roma, seus médicos recomendaram-lhe repouso e muita gola rolê.

O Supremo e Gianecchini

Por essas ninguém esperava: Gianecchini com Carolina Ferraz e o Supremo, por unanimidade, derrrubar a cláusula de barreira.
No caso da cláusula de barreira, o argumento de que é preciso tolerar a convivência com os desiguais não vale para a bagunça e a desmoralização do quadro partidário. A decisão do Supremo é um retrocesso. Mas vou ficar calado porque essa decisão favorece o partido da musa Manuela D´Ávila. Quanto a Gianecchini, o diabo tá solto. Fontes dizem que o homem agora tá atacando do Leme ao Pontal. Para o Gianecchini, não há cláusula de barreiras.

RAPIDINHAS

Bradesco deve acelerar crescimento
Depois da divulgação do último ranking do BaCen, que trouxe pela primeira vez o Itaú à frente do Bradesco como maior banco privado em ativos, analistas acreditam que o Bradesco deve acelerar a compra de alguma outra instituição para crescer e recuperar o terreno perdido. Entre os alvos possíveis aparecem, por exemplo, BBM, Votorantim e ABN Amro Real.
Demanda da cana faz faltar tratores no mercado paulista
O crescimento da produção e a alta capitalização do setor de cana já faz faltar alguns tipos de trator no interior de São Paulo.
Conab prevê produção de grãos em 120,2 milhões de t na safra 2006/07
O presidente da Conab, Jacinto Ferreira, informou que a safra 06/07 será de 120,2 milhões de toneladas, ou 1,1% a mais que a colheita da safra anterior.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Anistia para Dirceu

O ex-ministro discorre sobre uma porção de coisas, inclusive sobre sua luta para ser anistiado. Quem estiver organizando o abaixo-assinado pela anistia de José Dirceu pode mandar o papel para mim que eu assino. Eu sou a favor da anistia para o ex-deputado José Dirceu. Ele é acusado de uma série de crimes e espera o veredicto da Justiça. Será absolvido. Mas há a questão política. Dirceu foi condenado politicamente pela Câmara dos Deputados à perda do mandato e da elegibilidade até 2016. Sob qualquer ângulo que se enxergue a pena, ela é excessiva. O sistema brasileiro é medieval e perverso. Esta coisa de os parlamentares poderem cassar mandatos de colegas e torná-los inelegíveis por uma década inocula elementos adicionais de barbárie no tecido político nacional. Anistiar José Dirceu não afrontaria os que decidiram pela sua condenação, seria antes que tudo um gesto de humanidade, de reconciliação.

Tucanos...

A cara de pau dos tucanos não tem limite. O candidato derrotado, Geraldo Alckmin, vem a público criticar a aliança do presidente Lula com o PMDB. Diz que foi feita com base na divisão de cargos e não em torno de um projeto. Onde venceu, o PSDB está compondo com outros partidos sem fazer sequer uma carta-compromisso. Veja as declarações. Pode?

BNDES prevê R$ 30 bi para investimento em infra-estrutura

O presidente do BNDES, Demian Fiocca, afirmou que, no final do ano, de acordo com projeções, a instituição terá aprovado, em 2006, investimentos de R$ 30 bilhões em novos projetos de infra-estrutura. Segundo a instituição, metade desse total terá sido aplicado em parceria com outras empresas ou instituições. Ele afirma que o BNDES deu destaque, em 2006, a projetos na área de energia elétrica e na recuperação de ferrovias.