quarta-feira, agosto 02, 2006

Onde nasceu o Hezbollah

Sempre existiram judeus nos paises árabes. Em Alexandria, no Egito, até a Revolução Nasserista de 1952, existia uma sólida comunidade judaica que lá estava há séculos. No Cairo, até 52, das 6 principais lojas de departamentos, 5 eram de tradicionais famílias judaicas. A colônia judaica em Bagdá era importante e também secular. Aleppo, na Síria, foi o berço dos Safra e Hariri, famílias judaicas de idioma árabe. Tudo mudou depois da criação do Estado de Israel. Iniciou-se uma guerra que dura até hoje e parece nunca acabar. Afinal, porque existe o Hezbollah? Porque o Gal. Sharon entrou no Líbano em 1982 e autorizou um massacre nos acampamentos palestinos de Sabra e Chatilla, onde pereceram 17.000 homens, mulheres e crianças. Famílias inteiras foram massacradas em 3 dias, numa área cercada por tanques israelenses. Desse massacre nasceu o Hezbollah, formado pelos sobreviventes. Da mesma origem é o Hamas, fruto da degradação e miséria dos palestinos, hoje confinados como gado doente em uma estreita faixa perto da qual Cidade de Deus é o paraíso. O problema eterno dos judeus, já conhecido pelo Imperador Adriano é a arrogância. Quando a atual Ministra do Exterior de Israel diz que a principal razão da guerra libanesa não é tão somente a volta dos dois soldados, mas sim liquidar quem teve a audácia (ela dizia how they dare?) de lançar mísseis contra Israel. Dessa atitude vem o resto. Toda a ação de Israel no Líbano é movida pela arrogância. Por isso Israel não tem cuidado com os alvos civis, nem se incomoda em destruir um prédio de 10 andares com gente dentro, como fez no dia 26 em Tiro. Como então Washington reclama do Hezbollah, da Síria, do Irã, de Bin Laden? Todos são movidos pelo sentimento de vingança. A tragédia é não entender o Oriente Médio e não entender o povo árabe, um povo que acolheu os judeus fugidos da Península Ibérica no século XV e recebeu essa bofetada histórica de ingratidão e crueldade. Quanto aos Estados Unidos, era até a 2ª Guerra o País mais admirado pelos árabes. A nata da elite árabe estudou na Universidade Americana de Beirute e o prestigio dos americanos era enorme na região. Tudo jogado no lixo. Os EUA apoiaram Israel desde a criação do Estado judeu, mas não incondicionalmente. A inflexão pela aliança total veio com os “neocons”, o núcleo ideológico do Governo Bush, formado por 8 intelectuais, todos judeus, liderados por Richard Perle. O Governo Bush queimou as pontes com o mundo árabe. Por essas ironias da história, uma crise grave como essa tem no comando do Governo de Israel um Primeiro ministro sem experiência e sem qualquer liderança nas forças armadas. O Gal. Sharon, que não era nenhuma flor, dificilmente teria executado um plano tão insensato confirmando o velho adágio de que os militares em geral são menos belicistas do que os civis, eles conhecem o cheiro da pólvora e a dor da bala na carne.

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