domingo, setembro 03, 2006

PEDÁGIO SELVAGEM

As estradas de São Paulo são boas, e absurdamente caras. Se paga R$ 0,11/km. Na Dutra se paga R$ 0,07/km. A diferença se deve a concessão. Em SP, foi entregue a quem paga mais à concedente. Há contratos que se repassa 30%. Nas Federais a concessão foi feita sem ônus. Levou quem ofereceu o pedágio menor. Isso é importante. Por toda parte que se vai há buracos. É ridiculamente comum ver placas avisando deles. Trata-se de um desastre. Ninguém tem dúvida de que merecemos boas estradas. A visão de que os cidadãos estão dispostos a pagar pedágio para ter boas rodovias, é falsa. Queremos boas estradas, e gratuitas. Afinal, já pagamos IPVA. E há um problema constitucional: o pedágio estabelece uma restrição severa à liberdade. Sem dinheiro, os paulistanos não chegam à praia, nem ao interior. Trata-se de um problema que afeta milhões. As companhias se defendem lembrando que na Europa, nos EUA e no Japão, os pedágios são mais caros. E são, mas a renda lá é muito maior. E lá, as empresas constroem estradas e cobram para que se trafegue nelas. O retorno do investimento demora. Aqui, as concessionárias receberam estradas prontas, que têm de ser mantidas. Mesmo que o pedágio seja mais barato, a margem ainda é excelente. É um boníssimo negócio. Essas questões voltam no momento em que o Governo Federal vai leiloar 3 mil km. Somados aos 11 mil km já pedagiados, o Brasil vai ter mais de 7% de sua malha viária pedagiada. É mais que nos EUA. E não é apenas um problema quantitativo. A qualidade das concessões tem de ser discutida. Desta vez decidiu-se cobrar ônus de concessão. É duro acreditar que sejamos servidos. Washington Luiz disse em 1920 que governar era abrir estradas. Hoje, decidiu-se cobrar por elas.

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