quinta-feira, julho 01, 2010

Última Palavra

A economia é uma senhora perversa. Sem pedir licença, se mete na vida das sociedades, vira tudo de cabeça para baixo e depois nos convida a rir ou chorar. Líderes são transformados em heróis ou vilões. Nem mesmo os esportes estão livres de suas estripulias. Por conta da crise no Velho Continente, as receitas não conseguiram acompanhar os aumentos de gastos em nenhuma das principais ligas europeias – a Premier League inglesa, La Liga espanhola, a Serie 1 italiana, a Bundesliga alemã e a Ligue 1 francesa –, deixando vários dos times mais badalados do planeta no vermelho. O problema é tão sério que a UEFA impôs regras para limitar salários e custos de transferência de jogadores a partir de 2013. Uma provável consequência será a redução da atração de craques para clubes de lá. Nesta Copa, na equipe de nosso mal-humorado treinador há apenas três jogadores de clubes brasileiros – os 20 restantes jogam na Europa. Aposto que não haverá tantos “estrangeiros” em 2014. Até aí, não há surpresas. O surpreendente é que a decadência econômica europeia talvez já esteja se refletindo dentro do campo. Pode ser mera coincidência, mas, dos cinco países citados acima, restaram apenas Alemanha e Espanha. Enquanto os europeus tropeçavam, os representantes da América do Sul – onde a economia vai muito bem, obrigado – avançavam. Até mesmo um país africano, Gana, esta à frente da Itália, da Inglaterra e da França. Faço aqui uma profecia. Apesar dos tropeços na Copa em seu continente, arrisco dizer que os africanos, e até mesmo os asiáticos, que se tornaram o motor da economia mundial, vão fazer bonito no Brasil. Até aqui, a falta de tradição no esporte falou mais forte do que a emergência econômica, mas, a qualquer hora, a balança vai pender. Não se surpreenda se a China enviar à Copa no Brasil mais do que as insuportáveis vuvuzelas. Neste ano, a Yingli Solar, uma das líderes globais em energia, estreou como a primeira empresa chinesa a patrocinar uma Copa. Já em 2010, a China está superando os EUA, tornando-se o país a realizar mais investimentos diretos no Brasil. É bem possível que empresas chinesas dominem a lista dos patrocinadores da Copa.

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