quarta-feira, novembro 09, 2011

Confraria de Tolos

A gente não consegue mais discutir nada sem que o assunto não enverede pelo sectarismo partidário. O Brasil está ficando insuportável. Nesse lugar cada vez mais burro e intolerante, qualquer opinião é desprezada a priori e enterrada num fosso ideológico. O negócio é escolher o lado, juntar-se aos amigos, e apedrejar quem não concorda com você. Dois assuntos importantes dos últimos dias – a doença de Lula e a ocupação da reitoria da USP – provaram, mais uma vez, que a maioria prefere matar o mensageiro a discutir a mensagem. O câncer de Lula virou uma batalha de mau gosto nas redes sociais, com manifestações preconceituosas e elitistas. Uma pena. Porque o caso, se discutido com a razão e não com a jugular, poderia servir de exemplo da necessidade de melhoria de nosso sistema de saúde.
Que mal há em sugerir aos gestores públicos que utilizem os serviços pelos quais são responsáveis??? O problema, no caso de Lula, foi não estender a sugestão a todos os políticos, independentemente de partidos. Eu adoraria ver os ex-presidentes se tratando no SUS, assim como o Alckmin indo para o Bandeirantes espremido num vagão de metrô ou parado no trânsito da Marginal que ele prometeu que nunca mais alagaria. Eu poderia morrer feliz depois de ver o Kassab entrando na prefeitura, pedindo um alvará, e depois de meses acompanhá-lo sendo achacado por uma romaria de burocratas corruptos. Sobre a invasão a USP, falta bom senso aos dois lados. Acho que é possível ser a favor de um maior policiamento no campus, que há muito sofre com roubos e crimes, sem ser um reacionário da Opus Dei. Acho que é possível ser contra prender pessoas, qualquer pessoa, não só alunos da USP, por fumar maconha, sem ser um anarquista doidão. Acho possível concordar com Gilberto Dimenstein, que classificou os invasores da reitoria de “delinqüentes mimados”. E acho que é possível concordar com André Forastieri, que escreveu sobre a crescente militarização de São Paulo pelo governo tucano e o assustador apoio de parte da população. Só não tenho mais paciência para discutir, porque cansei de ser reduzido a um estereótipo pelos revoltadinhos covardes das redes sociais. Eles são só soberba, arrogância, mentiras e boatos. Hoje mesmo, recebi e-mails de pessoas GARANTINDO que o DCE está ligado a um grupo de traficantes de uma favela próxima a USP, e outro e-mail GARANTINDO que a reitoria está fazendo uma lista de alunos para expulsá-los. É muita verdade absoluta para o meu gosto. E não esqueça: Leu na Veja, azar o seu...

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