segunda-feira, novembro 07, 2011

Incômodo silêncio

Só a Folha mantém em sua pauta e dá algumas matérias sobre a venda de emendas por parlamentares paulistas, uma prática, segundo o deputado Roquinho seguida por pelo menos 30% dos 94 deputados estaduais. Nos demais veículos, silêncio absoluto na mídia nacional sobre o tema, tanto em relação à denúncia, quanto ao sepultamento abrupto das investigações pela Assembléia Legislativa de São Paulo. A questão foi e continua ignorada, também, pelas TVs, particularmente a Rede Globo. Primaram pela falta de cobrança. O esquema é indecente, um verdadeiro balcão de negócios de venda de emendas. Mas, para a mídia, não há responsáveis. Para elas não há partidos, nem governos, nem líderes envolvidos ou responsáveis por esse escândalo. Nada disso, é citado no noticiário. Pela cobertura, é como se o esquema vergonhoso de distribuição de emendas tivesse caído do céu. Ninguém vai atrás e nem entrevista as pessoas, instituições e entidades envolvidas. O deputado Major Olímpio, um dos denunciantes, tornou pública a disposição de depor de Teresa Barbosa, dirigente de uma ONG paulistana, testemunha do esquema.  Ninguém foi procurá-la, nem ouvi-la. Mais estranho, ainda, é não aparecerem denúncias e nem denunciantes envolvidos na distribuição das emendas, na contratação das empresas, nas comissões pagas. Não há, sequer investigações sobre as obras e serviços financiados pelas emendas em transações com empreiteiras, prefeituras e ONGs. Apesar de já se saber muitos nomes de gente envolvida, alguns confirmados até pelos denunciantes.  Por pura conveniência e para ajudar os tucanos esqueceram-se até da confissão do deputado Bruno Covas. Ele disse ter recebido uma oferta de propina, orientando o autor a doá-la a uma Santa Casa e não tomou nenhuma outra providência. Quer dizer, a mídia age de forma totalmente contrária ao que faz quando surge alguma denúncia, por mais vazia e inepta que seja, em nível nacional. No escândalo paulista da venda de emendas  nada. Nem o partido, nem os autores, os comerciantes do balcão de negócios são citados. Temos aí, mais um caso típico do jornalismo político e partidário que se pratica no Brasil. Sem falar no Ministério Público (SP), que instalou uma apuração que não anda.

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