sexta-feira, dezembro 02, 2011

Balaio

Agora que a Licitação do Controlar e os Contratos do Metrô dominaram o noticiário dura, deu para notar uma importante diferença na origem das denúncias. No plano federal, quem toma a iniciativa das investigações, das denúncias e até dos julgamentos, é a imprensa, quer dizer, os grandes veículos de comunicação do país, com interesses econômicos contrariados ou com medo do fantasma do "controle social da mídia". A Polícia Federal, o Ministério Público e a Justiça vão a reboque do clamor da imprensa e da oposição, tomando providências em função do noticiário. Já em São Paulo, dá-se exatamente o contrário. Quem investiga, denuncia e julga são os orgãos competentes e é a imprensa que vai a reboque dos fatos, limitando-se a registrar o resultado das investigações policiais e dos inquéritos do MP. O denuncismo seletivo e o tratamento diferenciado, oferecido pelos jornalões paulistas, acaba se refletindo também nas revistas semanais e nos telejornais de maior audiência, que só costumam repercutir e amplificar as denúncias contra o PT. É verdade que a Folha foi quem levantou a lebre do contrato das obras da Linha 5 do Metrô, ao provar que os vencedores da concorrência já eram conhecidos seis meses antes. Depois disso, porém, ninguém mais foi atrás do assunto, até que a Justiça determinasse a suspensão das obras e o afastamento do Presidente do Metrô. No caso do estranhíssimo contrato da Prefeitura com o Consórcio Controlar para inspeção de veículos, assinado em 2007 por Gilberto Kassab, dez anos depois da licitação feita ainda nos tempos de Paulo Maluf, a imprensa só se interessou pelo assunto depois que o Ministério Público terminou suas investigações e a Justiça tomou providências, decretando o bloqueio dos bens do prefeitoO destaque dado no noticiário às denúncias contra ministros, que já levaram à demissão de cinco deles, é desproporcional aos valores e à natureza dos ditos malfeitos, se comparados aos prejuízos causados aos cofres públicos pelo Metrô, em torno de R$ 300 milhões, e pela Controlar, (R$ 1 bilhão).  Não se trata de mensurar a corrupção, mas de questionar o tratamento desproporcional dado pela grande imprensa a casos de igual gravidade. Só os donos da mídia não estão se dando conta de que, com a internet, não dá mais para ter este tipo de comportamento sem que todo mundo perceba. É isso que explica a crescente perda de freguesia e de credibilidade da velha mídia.

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