quinta-feira, dezembro 08, 2011

Margem de manobra

A economia brasileira estacionou no 3º trimestre deste ano. O PIB, em valores correntes, passou de R$ 1 Trilhão. Apesar do freio, ainda assim, na comparação com o mesmo período de 2010, a economia cresceu mais de 2%; nos últimos 12 meses a expansão foi de quase 4%. O resultado era mais do que óbvio em função das medidas de restrição ao crédito, de corte de gastos públicos, R$ 60 Bi no ano, e de aumento da Selic, ante o agravamento da crise mundial. Nesse quadro, as expectativas de aumento da atividade econômica do empresariado e dos bancos de diminuíram. Isso levou a uma redução da produção e de créditoÉ bom frisar que não houve, no período, um agravamento de nossas contas externas. Pelo contrário, nossa Balança Comercial se sustentou, manteve quase US$ 30 bilhões de superávit, e as importações caíram. Outras duas boas notícias são a manutenção das taxas de investimento e da poupançaTemos, ainda, muita margem de manobra para conduzir a economia. "Temos o controle da situação. Diferente de outros países, cujo crescimento cai fundamentalmente pela falta de mercado e por causa da crise, nós, aqui, temos a possibilidade da aceleração do crescimento", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. A presidenta Dilma Rousseff fez questão de frisar: "Não só estamos encerrando o ano com estabilidade e crescimento, mas, sobretudo, com a visão de que 2012 será necessariamente melhor do que 2011, o que não é pouca coisa diante da crise e da insensatez política que vivenciamos este ano nos EUA e na Europa". A Presidenta ressaltou que a nossa situação hoje é muito diferente de muitos países do mundo que ainda estão submetidos às regras do FMI, a uma desregulamentação financeira absurda e à perda de capacidade de seus Estados de agir sobre suas economias. É fato. Por aqui, não adotamos a política sugerida pela oposição e adotada na Europa, recessiva e de desregulamentação dos mercados. O país tem reservas em dólar, reservas dos recursos dos depósitos compulsórios dos bancos, além de margem para ampliar a oferta de crédito. Tudo isso, sem falar nos bancos públicos, que podem e devem se capitalizar, nos fundos de pensão e no Fundo Soberano. Temos, ainda, um câmbio valorizado, que pode se desvalorizar, como já vem acontecendo, bem como um superávit alto. Ou seja, podemos estimular a economia. Há espaço para adotarmos uma política fiscal e monetária. E, de quebra, ainda contamos com o mercado latino e sul americano para expandir o nosso comércio. Mas, principalmente, contamos com o mercado interno e um programa sustentável de investimentos em petróleo, gás, energia, infraestrutura social, urbana e econômica que, ao lado da expansão da renda e do consumo e da criação de empregos, podem manter o crescimento de nossa economia acima dos 4%, mesmo diante da atual crise internacional. E, para sustentar o crescimento é preciso reduzir a Selic. Na verdade, o Banco Central deveria tê-la reduzido antes e com mais velocidade. Também devemos sustentar os investimentos públicos, sem contingenciamentos, e os privados, estimulando o mercado de capitais.

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