sexta-feira, maio 04, 2012

Prosperidade


Em 2008 uma série de eventos econômicos – a eclosão da crise financeira nos EUA e a crise dos PIIGS – colocaram a questão de como restaurar a prosperidade. Até pouco tempo atrás os lideres das economias europeias achavam que tinham a resposta para esta pergunta. A solução seria a austeridade. A austeridade, imposta pelo FMI, restauraria a confiança dos mercados e como resultado haveria crescimento econômico. Quatro anos depois ficou provado que longe de restaurar a prosperidade, a austeridade impediu o crescimento econômico e agravou a situação fiscal dos países que implementaram a receita. O índice de desemprego dos vários países afetados é uma das muitas provas de que a austeridade não trouxe bons resultados. Na Irlanda, o desemprego é agora quase 15%. Na Grécia, o desemprego cresceu para 22%, na Itália, chegou em 9% e na Espanha chega agora a ¼ da população. Esta lista poderia crescer. Interessante notar que em pelo menos dois países que não seguiram o receituário de austeridade, Estados Unidos e Brasil, o desemprego caiu. Nos EUA, apesar de todas as dificuldades politicas, o exemplo de austeridade não foi seguido. As medidas aprovadas no inicio do Governo Obama aliviaram a recessão, poder-se ia dizer que evitaram a depressão, e o estimulo ainda que pequeno fez com que o desemprego caísse de 10% para 8% e no Brasil, o desemprego caiu para 6%. Nas ultimas semanas subitamente a conversa mudou. Começou-se a falar em mudança de estratégia e em particular da necessidade de reverter o ciclo vicioso de desemprego e recessão. Para completar, o Primeiro Ministro holandês renunciou depois que suas medidas de austeridade não foram aprovadas e é possível que o socialista François Hollande vença as eleições na França. Esta mudança de tom coincidiu com a piora das condições na Espanha que passou para o centro dos acontecimentos. A Grécia já ficou para a história e a economia espanhola é quatro vezes maior que a grega. Começa-se a se notar uma divergência entre a visão do FMI e das autoridades europeias. O FMI está começando a se distanciar da visão de que austeridade é a solução. Apesar das declarações de preocupação de Mario Draghi, o BCE está, como esteve outras vezes, paralisado. Agora seria a hora de fazer um afrouxamento monetário, diminuir a taxa de juros, injetar dinheiro nos bancos espanhóis. Repete-se o que já vimos, muita conversa e pouca decisão enquanto a situação se deteriora. Na semana passada nos Estados Unidos, começou uma briga que vem sendo chamada "a briga dos barbudos" entre Bernanke e Krugman, porque Bernanke insiste que não há necessidade de ajudar a economia e Krugman insiste que o medo de inflação não deveria impedir mais flexibilidade monetária para ter mais crescimento econômico. Nos Estados Unidos as eleições estão indefinidas, Obama e Romney aparecem empatados nas pesquisas. Por enquanto as mensagens de ambos os candidatos são genéricas. Muita água vai rolar, mas seja qual for o novo Presidente, o voto do Congresso para aumentar o teto do endividamento vai provocar cortes automáticos de despesas a partir de 2013. Desde Fevereiro, houve um retorno da volatilidade nos mercados acionários. Os pedidos de seguro desemprego aumentaram. Estamos na temporada de resultados das empresas. As incertezas politicas na Europa e nos Estados Unidos estão trazendo de volta os temores de 2008. Pior ainda, ninguém tem uma resposta boa para como restaurar a prosperidade.

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