sexta-feira, fevereiro 25, 2011
Petróleo
Depois da forte alta de 2008, o Petróleo afundou, chegando a US$ 40. Depois de um período de relativa estabilidade, ele voltou a subir quando ficou claro que os EUA começavam a sair da crise. Recentemente com a crise política que se alastra pelos países do Oriente Médio e norte da África, o preço disparou. Ruim para inflação no Brasil, pois pode levar a Petrobrás a aumentar o preço da gasolina e da nafta. Ruim para atividade nos EUA, pois com a elevação do preço do petróleo, sobe o preço da energia e da gasolina, o que reduz a renda disponível para o consumidor. A alta do petróleo funciona como um aumento de imposto por lá e assim reduz atividade e consumo. Bem, agora é torcer para que a crise lá acabe logo e neste meio tempo pedir pinico para os Árabes, pois eles sempre tem uma sobrinha de produção para por no mercado quando preço sobe.
quinta-feira, fevereiro 24, 2011
Nunca Dantes
O programa Entrevista Record exibiu entrevista com o Professor Marcelo Neri, chefe do Centro de Pesquisas Sociais da FGV. Ao estudar o micro-crédito, o Crediamigo, do Banco do Nordeste, Neri foi o primeiro pesquisador brasileiro a avisar: vem aí um bicho enorme – a Classe C. Recentemente, Neri esteve com Lula num hotel no Posto 6, em Copacabana, numa varanda que se projetava sobre o Oceano Atlântico. No quarteirão ao lado, a cobertura do Niemeyer, com a mesma vista. Um horror!!! Neri foi levar a Lula notícias da Classe C. Lula queria informações para o seu Instituto. Neri disse ao Entrevista Record que as notícias são “muito interessantes”. Só podem ser. A miséria hoje marginaliza 28 milhões de brasileiros. Ou seja, 15% da população. No tempo do Farol de Alexandria (FHC), era o dobro. No último ano de Governo Lula, houve uma queda de 16% na pobreza do país. Do Governo Itamar para cá, a pobreza brasileira se reduziu em 67%. E só no Governo Lula a queda foi de 51%. O Brasil realizou em 8 anos aquilo a que se comprometeu com as “Metas do Milênio”, da ONU, a realizar em 25 anos. O Marcelo Neri está muito impressionado com a expansão e a pujança dos micro-negócios nas favelas do Rio onde se instalaram as UPP´s. Neri mora na Lagoa, no Rio e observa, ao lado, as mudanças ocorridas numa favela com UPP. Daqui a pouco, a gente vai descobrir que o Sergio Cabral jogou o Max Weber no lixo. O que estimula mesmo o “Espírito do Capitalismo” não são os chatos dos calvinistas, mas uma boa UPP na favela!!! Acordou o que Neri chama de “capital que estava adormecido”. Neri também usa expressão interessante. A ascensão da Classe C significou “dar os pobres ao mercado”. Agora, com a educação, com UPPs, emprego, Bolsa Família, e políticas públicas, vai ser possível “dar o mercado aos pobres”. Outra boa notícia, foi a decisão da Presidenta de criar o Ministério da Pequena e Média Empresa. Ainda vão descobrir que o Lula refundou o capitalismo no Brasil. Aí é que o Farol de Alexandria corta os pulsos.
quarta-feira, fevereiro 23, 2011
Direito de posse é do Partido
Continuo convicto de que o Supremo Tribunal Federal está certo ao determinar que os deputados que se afastam do cargo sejam substituídos pelo 1º suplente do seu partido e não pelo da coligação que este integrava quando da eleição, como vem fazendo a presidência da Câmara. É o caso de ontem, quando o ministro do STF, Marco Aurélio Mello, seguiu entendimento de colegas seus na Corte e determinou que a Câmara dê posse a Severino de Souza Silva (PSB-PE), suplente do partido, na vaga do deputado Danilo Cabral (PSB-PE), que assumiu a Secretaria das Cidades do Governo de Pernambuco. Na minha avaliação, aliás, a justificativa do ministro é absolutamente irretocável: "A votação nominal se faz no número do candidato, sendo que os dois primeiros algarismos concernem à legenda e não a um imaginável número de coligação - que nem tem número. Encerradas as eleições, então, não se pode cogitar de coligação. A distribuição das cadeiras - repito - ocorre conforme a ordem da votação nominal que cada candidato tenha recebido, vinculado sempre a um partido político." Fica mais óbvio, a cada dia, que se o deputado de um partido se licencia ou renuncia deve assumir o 2º mais votado de seu partido e não da coligação, a esta altura, como destacou o ministro Marco Aurélio, já inexistente. Coligação, aliás, que não tem sentido no sistema proporcional e precisa ser extinta pelo reforma política. O STF tem dado sinais claros de que considera o suplente de senador e a coligação proporcional incompatíveis com nosso sistema constitucional, o que leva, então, à necessidade de os dois assuntos serem tratados com urgência e, inevitavelmente na reforma política em discussão. Mas, lamentavelmente, a Câmara e o Senado fazem de conta que os dois assuntos não dizem respeito ao Congresso Nacional. Constatação óbvia diante desta situação: quanto mais tempo demorar a reforma política, maior será a instabilidade institucional e a insegurança jurídica.
segunda-feira, fevereiro 21, 2011
A Inflação voltou... no Mundo todo!!!
O gráfico abaixo mostra que a inflação está mostrando a cara no mundo inteiro, depois de um período de baixa. Esta alta é fruto das políticas fiscais e monetárias expansionistas adotadas no mundo todo para que fosse evitada a maior de todas as depressões:
Para cada país ou região, o gráfico mostra na coluna mais a esquerda o nível mais baixo da inflação nos últimos 2 anos, na coluna central a inflação acumulada em doze meses há 6 meses atrás e na coluna mais a direita a inflação atual acumulada nos últimos 12 meses. Pode-se ver uma aceleração forte e generalizada, em vários países, com destaque nos Brics que importaram a política BORG dos EUA e da Europa. A liquidez excessiva cria uma forte expansão dos empréstimos e do consumo, o que gera uma elevação da inflação e dos preços dos ativos. Este efeito é sentido principalmente nos emergentes já que suas economias sentiram menos o efeito da crise de 2008, pois seus bancos estavam mais saudáveis. A elevação dos preços nos países desenvolvidos é mais moderada, porém há uma aceleração preocupante. É inexorável uma elevação dos juros reais no mundo todo. E bastante significativa, a menos que os governos adotem políticas fiscais contracionistas , o que parece improvável. O problema da inflação não é só nosso. E quanto mais tempo demorar para inflação cair, mais difícil vai ser reduzir as expectativas de inflação futura. Com expectativas em alta e economias aquecidas, há o risco de aumento preventivo de preços, o que alimenta ainda mais a inflação. É um ciclo perverso. Logo, é fundamental que as autoridades ajam no front fiscal e no front monetário assim que as expectativas de inflação futura comecem a subir. Quanto mais rápido agirem, menos doloroso será o processo de reversão das expectativas. Estamos meio atrasados. Inflação é um processo que começa com o desejo de alguns agentes em aumentar seus preços. Porém o processo se inflama quando tais agentes tem sucesso e conseguem convencer que se pague os preços por eles impostos. Para controlar este processo é preciso convencer a sociedade que:
A) esta não deve aceitar aumento de preços sem antes reduzir a demanda pelos serviços ou produtos ofertados a preços mais elevados
B) é arriscado tentar impor preços mais altos, pois há risco de perda de volume de vendas ou de fatia de mercado.
Para isto, o juro é um instrumento fundamental. Ele induz a sociedade a adotar a atitude que mencionei no item a acima, reduzindo a demanda diante do aumento dos preços. E diminuir a demanda do governo, através da redução de seus gastos, ajuda bastante, porém demora mais para surtir efeito. Já as medidas de restrição ao crédito ( chamadas prudenciais ) tendem a ter efeito mais localizado na demanda por bens duráveis. O item b acima é atingido na medida que câmbio não se desvalorize, ou seja, que dólar não suba. Assim os produtos importados competem com os produtos locais e reduzem o poder de barganha dos que desejam aumentar seus preços. Porém no setor de serviços a competição dos importados é quase nula. Logo, é preciso que se reduza a demanda por serviços para que os preços destes parem de subir. Juros elevados aumentam a propensão a poupança, reduzindo o consumo. Enfim, é preciso esfriar a demanda para que as expectativas de elevação de preços caiam, principalmente num ambiente de economia aquecida, com desemprego baixo e elevada utilização da capacidade de produção, como hoje presenciamos. Logo, preparem-se para um CDI mais elevado ao longo dos próximos meses aqui, na China , na Índia, e até mesmo nos EUA, que, na minha opinião, terão de subir o juro mais cedo do que se espera se não reduzirem seu déficit fiscal. Acho que os tempos de liquidez farta estão chegando ao fim.
sexta-feira, fevereiro 18, 2011
Vida
A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa;
A vida é sonho tão leve
Que se desfaz como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!
A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave;
Onda que o vento nos mares.
Uma após outra lançou,
A vida — pena caída
Da asa de ave ferida —
De vale em vale impelida
A vida o vento a levou!
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave;
Onda que o vento nos mares.
Uma após outra lançou,
A vida — pena caída
Da asa de ave ferida —
De vale em vale impelida
A vida o vento a levou!
quinta-feira, fevereiro 17, 2011
As Flores
Certo dia, na Tunísia, um feirante é achacado por um policial, fato mais do que corriqueiro em dezenas de países. Indignado, o feirante coloca fogo em si mesmo. A autoimolação acende um rastilho que incendeia o mundo árabe. Começa a Revolução de Jasmim, alimentada pelo fogo do feirante e, também, pela indignação contra as precárias condições de vida, a corrupção e o desemprego na Tunísia. O exemplo tunisiano se espalha. Chega ao Egito e Mubarak acaba sendo derrubado. Lá recebe o nome de Revolução de Lótus. O movimento prossegue, abalando estruturas em outros países. Poucos meses atrás, qualquer prognóstico de que Ben Ali (Tunísia) e Mubarak (Egito) estariam fora do poder a curto prazo seria considerado fora de propósito. Amparados por uma postura pragmática em relação ao Ocidente, ambos os países eram considerados modelos de estabilidade e importantes para conter o radicalismo fundamentalista muçulmano. À parte as graves consequências para o mundo, o que se deu na Tunísia e no Egito serve de lição para analistas em geral. As probabilidades de que tais movimentos ocorressem eram próximas de zero. No entanto, aconteceram e o mundo não será o mesmo depois. Tunísia e Egito comprovam uma máxima da análise política: o inesperado sempre aparece. Ainda que os cenários apontem confortavelmente em uma direção, existe uma possibilidade – mesmo remota – de que o imponderável termine influindo decisivamente no destino dos eventos. Submetida ao fator humano, a política não deve ser reduzida a modelos analíticos que lidam pobremente com a incerteza. Após o ocorrido na Tunísia e no Egito, os cenários foram deslocados para uma zona de desconforto que ainda não está claramente delimitada. E, por mais que muitos saúdem tais eventos como fenômenos de democratização, nada garante que o resultado final amplie os direitos e as garantias dos indivíduos e o respeito à diversidade de gênero e de religião na região. Como disse Shakespeare, "em se tratando do ser humano, é melhor estar preparado para o pior".
Por que Bolsa aqui tem andando menos do que lá?
O gráfico abaixo mostra o retorno de quem aplicou US$ 100 num fundo de ações equivalente ao S&P500, na linha amarela, vs. quem investiu os mesmos US$ 100 num fundo Chines, em verde, num fundo da India, em branco, e num fundo Brasileiro em vermelho, fundos estes negociados na bolsa de NY (ETF´s):
Vemos aí que o retorno neste período foi positivo nas ações dos EUA e negativo nos outros Brics... Por que? Veja abaixo um gráfico que mostra o volume investido num fundo dos EUA que é dedicado exclusivamente a investimentos em ações de empresas em mercados emergentes:
Notamos que de meados de 2008 até o final de 2010 o volume investido neste fundo subiu bastante, o que fez com que bolsas emergentes se valorizassem muito via bolsa dos EUA. Porém nos últimos 3 meses dá para notar uma queda do volume investido, queda que, em termos relativos, é a maior desde 2006. Parece que os alocadores de recursos e gestores de carteiras estão reduzindo suas posções em mercados emergentes e aumentando nos EUA. Por que? Com a acaleração da inflação nos emergentes fica claro que os juros terão que subir nestes países, o que deverá arrefecer tais economias e assim reduzir ritmo de elevação dos lucros das empresas que ali operam. Por outro lado, temos tido boas surpresas com relação a resultados de empresas e sobre a atividade econômica nos EUA nestes últimos meses. Tudo isto num ambiente de inflação e juros muito baixos por lá. Logo, cria-se um cenário positivo para bolsas dos EUA, bastante diferente daquela sensação de fim de mundo que havia desde 2008 até final de 2010, quando os investimentos sairam em massa dos EUA e foram para emergentes numa velocidade impressionante. Agora o quadro se reverte parcialmente, o que alimenta uma expectativa de melhores retornos nos EUA do que nos emergentes. O mesmo é visível nos gráficos abaixo, que mostram a restirada de recursos do Bovespa por parte dos estrangeiros e dos mercados emergentes em geral:
Mas isto vai durar para sempre? Não. Creio que no segundo semestre do ano a inflação deve começar a arrefecer nos emergentes, e com a proximidade de possível alta de juros nos EUA, commodities deverão cair. Com isto, BC´s dos emergentes poderão suspender aperto monetário e já poderemos ter alguma clareza sobre um novo ciclo de crescimento sustentado, que deverá elevar a Bolsa nos páises emergentes. Já nos EUA, com atividade econômica melhorando, é provável que governo inicie um aperto fiscal, o que deverá esfriar a economia novamente, afetando o lucro das empresas americanas, afastando dinheiro que hoje está sendo investido por lá. Contudo, se eu estiver certo neste cenário, a oportunidade de compra na Bolsa deve ocorrer nos próximos 3 a 6 meses. Não será preciso ter pressa. Além disto, seria prudente focar aqui em empresas não ligadas ao setor de commodities, pois elas podem cair se as commodities de fato cairem de preço em função do arrefecimento da atividade industrial nos BRIC´s. Bancos, construtoras, empresas de serviços estarão entre as melhores naquele momento, pois devem ser as que mais sofrerão agora e as que menos sofrerão no futuro, caso as commodities caiam mesmo de preço. Um monte de se´s, de casos, eu sei, mas para quem gerencia dinheiro a vida é assim, certeza zero e um montão de possibilidades. O risco neste cenário seria de um descontrole inflacionário nos Brics e uma aceleração da inflação no G3 de forma surpreendente , o que forçaria BC´s a subirem juros no mundo todo o que seria muito ruim para bolsas e commodities, e muito bom para o Dólar.
quarta-feira, fevereiro 16, 2011
Meio cheio
Uma equipe mais motivada alcança melhores resultados. As empresas brasileiras investem em eventos com grandes campeões para motivar seus funcionários. Funciona. Certamente muitos vendedores de automóveis, sentem-se confiantes em alcançar suas metas depois de ouvi-los. Entretanto, eu ficaria ainda mais seguro e motivado sabendo que, na última década, a venda de automóveis no Brasil triplicou, e que com a expansão sustentada de crédito, renda e emprego ela continuará a crescer de forma pujante. É mais fácil acreditar que posso cumprir minha meta, sem precisar ter a garra do Cesar Cielo, simplesmente porque vou nadar a favor da correnteza econômica. Se tiver de percorrer 100 quilômetros de bicicleta, prefiro saber que será na descida do que conhecer a superação do Lance Armstrong, que foi capaz de ganhar o Tour de France sete vezes, após ter tido câncer. No Brasil, normalmente, não associamos economia com motivação devido ao péssimo desempenho econômico brasileiro entre 1981 e 2003, com média de crescimento de 2% ao ano. Nesse período, falar de economia significava deixar claro que os 100 quilômetros de bicicleta seriam ladeira acima. Era melhor contar a história do Lance. Estes 23 anos tornaram descrente toda uma geração, que não acredita que o Brasil possa dar certo. Toda vez que a situação melhora, tal geração está convicta de que o colapso é iminente. Afinal, foi o que aconteceu ao longo de mais de duas décadas – período que apagou da memória coletiva que, antes, o Brasil crescera a um ritmo de 7% ao ano durante oito décadas. Tivéssemos sustentado o mesmo crescimento e, hoje, o brasileiro seria mais rico do que o alemão. Some-se a isso o dever de ofício dos economistas em apontar o que está errado, exatamente para que possa ser corrigido, e o caldo para o pessimismo econômico brasileiro está pronto. O Brasil tem problemas econômicos sérios que devem ser criticados. Além disso, seremos afetados quando houver turbulências profundas na economia mundial. Por isso, venho alertando sobre as fragilidades da economia europeia. O copo meio vazio não é novidade. A novidade é o copo meio cheio. Mudanças estruturais da economia mundial e reformas econômicas implementadas no Brasil permitiram que nosso crescimento mais do que dobrasse desde 2004 e, em 2010, fosse o maior em 25 anos. O Brasil mudou, para bem melhor. Se o visto de trabalho nos EUA fosse liberado, desconfio que os brazucas gostariam de tentar a sorte na terra do Tio Sam. O que eles não sabem é que, na última década, foram criados mais de 16 milhões de novos empregos no Brasil, enquanto nos EUA um milhão de empregos evaporaram. Nada indica que, nesta década, a tendência vá se reverter. Por isso, não param de chegar estrangeiros vindo trabalhar no Brasil. Está na hora de os brasileiros acreditarem no que os gringos já perceberam. A América, terra da oportunidade, agora é aqui. Esta deve ser nossa maior fonte de motivação.
Assinar:
Postagens (Atom)