segunda-feira, novembro 13, 2006

Richthofen

Promotores públicos desconfiam que estão no nome de Suzane Louise von Richthofen duas bem fornidas contas num banco suíço. Uma denúncia anônima encaminhada ao Ministério Público dá como certo que as contas 15.616 e 15.6161, abertas em 1988, no DBTC, atual Union Bancaire Privée, pertencem a família Richthofen. Estima-se que essas contas abriguem pelo menos 10 milhões de euros, dinheiro supostamente desviado das obras do Rodoanel, orçada em R$ 339 milhões, mas que acabou consumindo mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos. A construção do trecho foi administrada pela DERSA, empresa da qual o pai de Suzane, Manfred von Richthofen, era diretor. Os promotores desconfiam que essas contas estejam em nome de Suzane. Se essa impressão se confirmar, acreditam que a condenada tem boas chances, uma vez em liberdade, de manter seus direitos sobre elas – e a fortuna nelas guardada. Além dos números das contas suíças, o documento encaminhado aos MPs detalha outras instituições financeiras com as quais Manfred operava. Segundo a denúncia, parte do dinheiro passava pelo Citibank. Outras duas contas correntes, ambas na Nossa Caixa, teriam recebido aportes consideráveis pouco antes da morte de Manfred. E mais: os promotores suspeitam que a viagem que o casal Richthofen fez à Suiça, um mês antes de morrer, foi exatamente para tratar das finanças aportadas no Exterior. Ainda segundo a denúncia, Manfred usou a documentação de sua filha para lavar esses milhões de reais. Ou seja, tecnicamente ela é dona do dinheiro. Os promotores, é claro, estão prontos para inquirir Suzane sobre o assunto. Nos próximos dias, tanto ela como os irmãos Cravinhos, que executaram os crimes, serão chamados para contar o que sabem. Logo após os assassinatos, Daniel, então namorado de Suzane, chegou a falar sobre essas contas de Manfred no Exterior. Ele acrescentou que Suzane fora levada pelo pai a assinar vários documentos sem saber, precisamente, a finalidade. Na bolsa de apostas internas e nos corredores da Assembléia Legislativa de São Paulo, onde um pedido de CPI para investigar o caso foi abortado, os palpites para o suposto superfaturamento do Rodoanel chegam às cifras dos R$ 100 milhões. A obra foi condenada pelo TCU. Os promotores já sabem que Manfred era reconhecido na DERSA como um expert em operações financeiras. A denúncia sobre a existência das contas no Exterior já fora feita anteriormente, três anos atrás. Na ocasião, os promotores estaduais arquivaram o processo. Desta vez, porém, eles acreditam que a história se tornou mais crível. Extremamente meticuloso, num texto de seis páginas, o denunciante expõe quem é quem no suposto esquema mafioso traçado por Manfred. Apresentam-se endereços e CPFs e, nas duas últimas páginas da carta, uma detalhada relação das propriedades da família Richthofen, as contas bancárias no Brasil e no Exterior, além dos comprovantes de empresas de Manfred que ainda estão na ativa. O processo corre em segredo de Justiça. Rica, poliglota e vaidosa, Suzane foi criada numa mansão em uma área nobre da cidade de São Paulo. Hoje, na Penitenciária de Ribeirão Preto. Mesmo responsabilizada pela morte do pai e da mãe, Suzane trava uma briga judicial com o irmão Andreas pelos R$ 2 milhões de patrimônio oficial deixado por Manfred. Andreas já recebeu R$ 300 mil pelo seguro de vida do pai.

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