segunda-feira, junho 14, 2010

Lula lá...

A primeira fase da sucessão de Lula acabou nesse fim de semana com a indicação de José Serra, Dilma Rousseff e Marina Silva para candidatos. A segunda e última fase deverá ter seu desfecho no dia três de outubro. Quem ganhou a primeira? Lula.
Que presidente da República seria tão atrevido a ponto de antecipar a escolha do seu candidato em mais de um ano? Não foi apenas a popularidade de Lula que o levou a se comportar assim. Foi também sua formação.  Como líder sindical, aprendeu a tirar vantagem em tudo, mesmo em negociações destinadas ao fracasso. Aprendeu a correr riscos. E a ganhar ou perder. Ou ele saía cedo por aí, com Dilma debaixo do braço, apresentando-a como a mãe do seu governo, executiva exemplar e apta a dar continuidade à sua obra, ou não teria chances de emplacá-la como candidata. Lorota a história de que Lula não dispunha de outros nomes para suceder-lhe depois da queda de José Dirceu e de Antonio Palocci. Patrus Ananias, por exemplo, foi o ministro do Bolsa Família. É mineiro como Dilma. E tem votos. Assim como têm votos Tarso Genro, Marta Suplicy e Aloizio Mercadante. Mas Lula preferiu Dilma, uma petista recente e sem experiência eleitoral. Primeiro porque ela é mulher. Segundo porque Dilma demonstrou irrestrita fidelidade a ele. E terceiro porque, se ela vencer, Deus e o mundo atribuirão a vitória a Lula, unicamente a ele. Se Dilma perder... Bem, a culpa será dela. E uma derrota facilitaria o retorno de Lula. Hoje, parece improvável que perca. É o que admitem oito entre cada 10 políticos de todos os partidos. Jamais um candidato a presidente contou com cabo eleitoral tão forte e disposto e uma conjuntura tão favorável. O grau de felicidade dos brasileiros está em alta. Lula tem sido feliz na venda da idéia de que é o único inventor do país da bonança. Entre 2002 e este ano, o salário mínimo pulou de US$ 80 para US$ 280; o Produto Interno Bruto foi de US$ 500 bilhões para US$ 1,5 trilhão; e 30 milhões de pobres ascenderam à classe média. Somente um imprevisto, um clamoroso erro ou sucessivos erros de médio porte serão capazes de imprimir um novo rumo a uma eleição com toda a pinta de que acabou antes de começar para valer. 

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