terça-feira, março 15, 2011

Fenômeno


João Gilberto tem um ótimo motivo para deixar para lá as agruras e espairecer um pouco. Os mais próximos e os bem informados sabem que o mestre da Bossa Nova parou de olhar só para os barquinhos, as tardinhas e as morenas que passam pelo Leblon. Para surpresa de fãs e dos pouquíssimos que desfrutam de sua companhia, o bardo declarou que é quase viciado em lutas de vale-tudo ou, mais precisamente, Mixed Martial Arts, MMA para os íntimos. Brigas nunca mais. Lutas todos os sábados à noite. Aviso então ao mais ilustre morador do Leblon: agora o nome do cara a observar é José Aldo. Sim, porque enquanto nos corredores de academias, nas rodas em escritórios, bares e praias a conversa continua em torno do famigerado chute à La Steven Seagal, desferido pelo megacampeão Anderson Silva para nocautear de forma fulminante o excelente Vitor Belfort, o mundo cada vez mais elástico e numeroso dos interessados em lutas mistas só tem olhos para este pequeno amazonense. Aos menos familiarizados com o assunto e vendo-o entre os gigantes do ringue, seus 1,71 m e 66 kg parecem equipamento insuficiente para subjugar até o mais fraco dos oponentes. Engano. Num ano com efemérides incríveis como a vitória de Mauricio Shogun na revanche contra Lyoto Machida e o próprio confronto Silva/Belfort, Aldo foi eleito o melhor lutador do ano pelo fórum de especialistas do UFC, entidade que organiza e explora a atividade. Aldo é considerado pelos próprios nomes citados acima como um dos mais eficientes lutadores que o mundo já viu. De fato, o moleque, filho de um pedreiro que bebia demais e de uma senhora batalhadora que apanhava do marido, que deixou a casa aos 16 anos, seguiu para o Rio sem nada nos bolsos, viveu de favor dormindo em tatames de academias com goteiras e trabalhou como copeiro em troca de pratos de comida, se transformou numa das mais eficientes máquinas de luta de que se tem notícia. Sua extrema habilidade na luta de chão (jiu-jítsu) se une à eficácia absoluta de seus chutes e socos (muay thai). Tudo isso ao mesmo tempo, agora, já. Numa de suas 19 lutas e 18 vitórias, nocauteou o adversário aos 7 segundos do primeiro assalto. Depois de ter morado um bom tempo na favela Santo Amaro, no Rio, hoje Aldo vive com bastante conforto, ganhando patrocínios respeitáveis e circulando pelo mundo, por onde as lutas do UFC têm andado, incluindo o Brasil, que no meio do ano voltará a sediar uma das etapas do evento.

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