quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Pensando o ensino

A maioria das aulas que tive foi expositiva. Um professor, normalmente mal pago e por isso mal-humorado, falava horas a fio, andando para lá e para cá. Parecia mais preocupado em lembrar a ordem exata de suas ideias do que em observar se estávamos entendendo o assunto. Ensinavam as capitais do mundo, o nome dos ossos, dos elementos químicos, como calcular o ângulo de um triângulo e muitas outras informações que nunca usei na vida. Nossa obrigação era anotar o que o professor dizia e na prova final tínhamos de repetir o que havia sido dito. Perguntava também o número de prótons do ferro. E ai de quem não soubesse todos os afluentes do Amazonas. Teriam sido mais úteis aulas de culinária, nutrição e primeiros socorros do que latim, trigonometria e teoria dos conjuntos. Curiosamente não ensinamos nossos jovens a pensar. Gastamos horas e horas ensinando como os outros pensam ou como os outros solucionaram os problemas de sua época, mas não ensinamos nossos filhos a resolver os próprios problemas. Ensinamos como Keynes, Kaldor e Kalecki, economistas já falecidos, acharam soluções para um mundo sem internet. Nossos economistas implantaram no Brasil uma teoria americana de "inflation targeting", como se os americanos fossem os grandes especialistas em inflação, e não nós, com os 40 anos de experiência que temos. 
De tanto estudar o que intelectuais estrangeiros pensam, não aprendemos a pensar. Pior, não acreditamos nos poucos brasileiros que pensam e pesquisam a realidade brasileira nem os ouvimos. Especialmente se eles ainda estiverem vivos. É sandice acreditar que intelectuais já mortos, que pensaram e resolveram os problemas de sua época, solucionarão problemas de hoje, que nem sequer imaginaram. Raramente ensinamos os nossos filhos a resolver problemas, a não ser algumas questões de matemática, que normalmente devem ser respondidas exatamente da forma e na sequência que o professor quer. Matemática, estatística, exposição de ideias e português obviamente são conhecimentos necessários, mas eu classificaria essas matérias como ferramentas para a solução de problemas, ferramentas que ajudam a pensar. Ou seja, elas são um meio, e não o objetivo do ensino. Considerar que o aluno está formado, simplesmente por ele ter sido capaz de repetir os feitos intelectuais das velhas gerações, é fugir da realidadeNum mundo em que se fala de "mudanças constantes", em que "nada será o mesmo", em que o volume de informações "dobra a cada oito meses", fica óbvio que ensinar fatos e teorias do passado se torna inútil e até contraproducente. No dia em que os alunos se formarem, mais de dois terços do que aprenderam estarão obsoletos. Sempre teremos problemas novos pela frente. Como iremos enfrentá-los depois de formados??? Isso ninguém ensinaExistem dezenas de cursos revolucionários que ensinam a pensar, mas que poucas escolas estão utilizando. São cursos que analisam problemas, incentivam a observação de dados originais e a discussão de alternativas, mas são poucas as escolas ou os professores no Brasil treinados nesse método do estudo de caso. Talvez por isso o Brasil não resolva seus inúmeros problemas. Talvez por isso estejamos acumulando problema após problema sem conseguir achar uma solução. Na próxima vez em que seu professor começar a andar de um lado para o outro, pense no que você está perdendo. Poderia estar aprendendo a pensar.

Vc precisa saber

1 - Eurozona terminará 2012 em recessão. A Eurozona entrará em recessão em 2012 e 8 de seus 17 países registrarão crescimentos negativos, incluindo Espanha e Itália, com prognósticos piores que os previstos anteriormente.
2 - G-20 pressionará UE a elevar recursos para combate à crise. Os países integrantes do G-20 vão adiar qualquer compromisso relacionado a um aumento na base de recursos do FMI para tentar pressionar a União Europeia a elevar o poder de fogo do mecanismo de resgate da zona do euro.
3 - Lucro da HP no 1º tri cai quase 44%. A HP divulgou uma queda de quase 44% em seu lucro trimestral, atingida por vendas fracas de computadores e impressoras. A empresa do Vale do Silício registrou lucro líquido de USD 1,47 BI.
4 - Lupatech atinge maior preço em 13 semanas com venda privada. A Lupatech (LUPA3) atingiu no pregão de ontem o maior preço em mais de três meses depois de anunciar que vai vender ações para investidores em uma colocação privada de R$ 700 milhões no prazo de três semanas.
5 - HRT tem maior alta desde outubro após estimativas de reservas. A HRT Participações em Petróleo (HRTP3) chegou a registrar no pregão de ontem a maior alta em quase cinco meses depois que a parceira Energulf Resources divulgou estimativas de óleo numa área na costa da Namíbia.
6 - Cosan não emitirá ações para financiar participação na ALL. A Cosan não pretende emitir novas ações para financiar o percentual de 5,67% das ações que pretende comprar da América Latina Logística (ALLL3).
7 - Crédit Agricole tem prejuízo trimestral de 3 bi de euros. O banco francês Crédit Agricole teve um prejuízo trimestral de 3 bilhões de euros, resultado pior do que o esperado, pressionado pela crise de dívida na Grécia.
8 - Empresas de tecnologia planejam IPO neste ano. Diversas companhias de tecnologia, incluindo a desenvolvedora de software de segurança Palo Alto Networks, estão se preparando para abrir o capital na sombra da operação do Facebook, sentindo uma janela de oportunidade com a retomada do mercado acionário.
9 - Renner, Americanas, Hering têm início de cobertura no Barclays. A Lojas Renner (LREN3) e a Lojas Americanas (LAME3, LAME4) receberam recomendação “equalweight” no início de cobertura pelo Barclays Capital. O preço alvo para as ações da Renner é de R$ 70, enquanto para Americanas é de R$ 18.
10 - Vale bate BHP na renda fixa à espera de alta de preço do minério. A Vale está com desempenho melhor que o da BHP Billiton, com a expectativa que a mineradora brasileira se beneficie de um repique nos preços do minério de ferro.

quinta-feira, fevereiro 09, 2012

Pela Democracia

Numa democracia somos todos iguais. Portanto, não é aceitável que os Senadores tenham mais poder de voto do que um Deputado. Por que 81 Senadores podem votar novamente as mesmas leis aprovadas por 513 Deputados??? Que lógica é esta se todos somos iguais?? A Inglaterra possui a Câmara dos Lords, mais como forma figurativa e que, como a Rainha, não tem poderes. Quem os tem é a Câmara dos Comuns. Muitos países só possuem a Câmara de Deputados, o que faz sentido, afinal "o poder emana do povo". É o caso da China, e de Israel e Portugal. Infelizmente, nossos legisladores constitucionais se inspiraram na França e nos Estados Unidos, e criaram a "República Federativa dos Estados Unidos do Brasil", para atenderem às oligarquias regionais. Tanto é que os escândalos do Senado são, na verdade,  escândalos de oligarquias. Nos Estados Unidos, que começaram com 6 Estados e hoje são 50, o Senado era necessário para acalmar os novos ingressantes com a figura do veto. O Senado, portanto, é uma construção histórica, e não o fruto de aspirações democráticas. Os estudiosos que o defendem alegam que é interessante que toda proposta de legislação passe por dois crivos. Mas, basta um veto presidencial para exigir nova votação. Como as chances de se extinguir nosso Senado são quase nulas, vou propor uma outra solução para se reduzir pelo menos os custos monumentais desta instituição, na casa dos R$ 6 bilhões ao ano. Como o Senado representa os interesses dos Estados da União, não precisamos de 3 Senadores, basta um. Não faz sentido o Governador eleito ser de um partido e o Senador, que representa o mesmo Estado, ser de outro. 
Ambos teriam de ser do mesmo partido. Assim, sugiro como Senador do Estado o Vice-Governador, que, a rigor, fica 4 anos sem fazer nada. Os assistentes seriam funcionários do Estado, já que precisam trabalhar em conjunto para a defesa dos interesses do Estado. 
Manteríamos um sistema bicameral, com 6 bilhões de economia para a nação. Fortaleceríamos os Governadores, que hoje precisam implorar recursos ao Governo Federal, viajando para Brasília com o pires na mão. Governadores e Senado estariam trabalhando em conjunto. 
Os 3 Senadores defendem hoje os interesses políticos de seu partido, e não os de seu Estado. 
O ideal, no entanto e como disse acima, seria simplesmente eliminar totalmente o Senado, por ser anacrônico, fruto da política da época, e totalmente antidemocrático. 
Mas enquanto esperamos, pelo menos reduzamos de 3 Senadores para 1, e que esse 1 seja, de preferência, o Vice-Governador, que finalmente terá que trabalhar para receber o seu salário.

quarta-feira, fevereiro 08, 2012

No limite...

Talvez ninguém se lembre do Aílton, muitos não devem nem conhecer. Ele ficou famoso num vídeo do YouTube, onde da entrevista para uma TV Alemã, falando um alemão tabajara engraçadíssimo no maior estilo Papai Joel, e ganhando muito fãs por causa disso.
Aílton Gonçalves da Silva é um futebolista brasileiro famoso na Alemanha. Jogou muitos anos no Werder Bremen e em 2004 foi o primeiro estrangeiro na Alemanha a ser coroado Jogador do Ano, e o terceiro a fazer mais de 100 gols na BundesligaA reputação do paraibano Aílton era de enfant terrible. Mas mesmo assim, com seu jeitão bonachão, se tornou queridinho da torcida. Virou figura cult ao sair nu no Bild com as partes cobertas pela Meisterschale, o troféu que parece um prato fundo dado desde 1949 ao time que ganha a Bundesliga. Depois do Bremen, Aílton foi jogar em outros times alemães, e também na Turquia, Ucrânia, Áustria, Sérvia, China e até no Brasil de novo. Uma carreira e tanto. Agora, Aílton, aos 38 anos, participou da sexta temporada de um programa chamado Dschungelcamp, um reality show no estilo de No Limite, que reúne sub-celebridades ou ex-famosos por duas semanas em um acampamento na Austrália. Sim, sua carreira no futebol terminou. E terminou triste. Aílton está com dívidas até a cabeça. E dívidas gordas, de milhares e milhares de euros. Durante duas décadas, quis comprar tudo o que pode: carros, relógios, roupas e todo o luxo que o dinheiro podia comprar, além de ter investido em projetos duvidosos. Não foi o único. Quase 25% dos jogadores de futebol em fim de carreira na Alemanha declaram falência ou terminam endividadosAqueles que não investiram no futuro de forma inteligente ou controlaram os gastos, hoje vivem de ajuda social do governo. Aílton, que precisa da grana, quis apostar na fama adquirida com o público alemão. Infelizmente não ganhou o título de “rei da floresta”. Quem ganhou, a propósito, foi a atriz Brigitte Nielsen, aquela do Rocky IV, lembram??? 
Pelo menos Aílton não enfrentou essa sozinho. Como companhia estava ali no acampamento o também brasileiro Daniel Lopes, cantor nascido em Recife que ganhou fama há uns anos por participar do “Ídolos” alemão.

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Balaio

Foram praticamente unânimes os aplausos na imprensa para a corregedora Eliana Calmon pela vitória que conquistou esta semana no STF em sua batalha contra o corporativismo e a impunidade dos magistrados. Poderiam aproveitar o clima para criar um orgão de controle externo para a imprensa, derrubando mais uma caixa preta, pois é mais que um direito dos cidadãos receber as informações sem manipulações e partidarismos. Por uma feliz coincidência, poderiam aproveitar até a mesma sigla do CNJ da Justiça criando o Conselho Nacional de Jornalismo. Foi mais ou menos essa a reivindicação que os presidentes da Federação Nacional dos Jornalistas e de 26 sindicatos estaduais levaram ao então presidente Lula, em 2004. Na época, os mesmos órgãos da grande mídia, que agora defendem o controle externo do Judiciário, uniram-se contra a proposta dos jornalistas, acusando o governo de querer censurar a imprensa. Enviado ao Congresso Nacional em forma de projeto de lei, a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalistas acabou sendo retirada pelo próprio governo pouco tempo depois, após um verdadeiro massacre promovido por colunistas e editorialistas dos jornalões, que não admitem qualquer regulamentação da atividade, hoje transformada numa terra de ninguém. A formação deste CNJ da imprensa poderia ser feita nos mesmos moldes e com os mesmos objetivos do CNJ, encarregado de fiscalizar o Judiciário, ou do Conar, o órgão de autorregulamentação da publicidade, criado há mais de 30 anos e integrado por representantes de veículos, agências e anunciantes. As entidades patronais, hoje reunidas no Instituto Millenium, nem sequer admitiram discutir o projeto ou qualquer outro que proteja a sociedade dos abusos cometidos por veículos e jornalistas. No ano passado, o projeto de lei apresentado em 2004, com algumas modificações, voltou a ser debatido no Congresso Nacional e esta é uma boa oportunidade para estendermos ao chamado quarto poder os mesmos instrumentos de regulação e fiscalização que defendemos para o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Trata-se de um assunto que interessa a toda a sociedade e não apenas aos diretamente envolvidos na atividade jornalística. Fica a sugestão. Precisamos urgentemente de uma Eliana Calmon para a imprensa.

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

Análise e Estratégia

Raúl Castro e Dilma Rousseff foram guerrilheiros no período da bipolaridade. O atual presidente de Cuba é de uma geração anterior, pioneira e heroica para a época, inspirando a presidente do Brasil e seus correligionários. A revolução cubana marcou a mudança de um período, estraçalhou com os Acordos de Yalta e a política de fronteiras ideológicas estabelecidas pelas superpotências, EUA e URSS. Hoje Cuba permanece com o regime de partido único e estrutura de Estado com dominação burocrática, economia planificada e política de direitos sociais e distributivos. A Ilha é uma fonte permanente de polêmicas!!! 
A ex-militante da luta armada que não cantou ninguém quando presa nas masmorras de Sérgio Fleury viu-se diante de um problema. Numa ação midiática muito bem executada, a conhecida blogueira Yoani Sánchez chamou a atenção do Itamaraty tentando pôr as chancelarias cubana e brasileira em saia justa. Não funcionou, pois Dilma esquiva-se do ponto da polêmica, relativizando o fato de que os direitos humanos são afrontados em todos os países, a começar pela imundície do sistema carcerário brasileiro, assim como o atentado contra a soberania, tais são as aberrações jurídicas da prisão e base americana em Guantánamo e a presença inglesa nas Malvinas. 
O problema desta relativização é mais uma vez evadir da polêmica real. Cuba é um regime fechado e se aproxima a cada dia da fórmula chinesa, onde há liberdade de mercado e ditadura política. Na ilha de Camilo Cienfuegos, há dissidentes e estes não são necessariamente mafiosos residindo na Florida e apoiando a extrema-direita republicana. Digo mais, a parte majoritária da oposição cubana não é pró-EUA, não é liberal e uma parcela considerável está dentro do Partido Comunista de Cuba, na chamada linha crítica e no setor católico. Outra parte considerável prega a democracia participativa e pode ser vista através do Red Protagónica Observatorio Crítico. Uma preocupação constante deste último setor é desmarcar-se das viúvas de Fulgencio Batista e desassociar a liberdade política com a selvageria do “livre” mercado. 
Não há novidade neste texto e sim a denúncia de ocultação. Infelizmente as informações aqui presentes, embora tenham circulação no pensamento latino-americano, simplesmente desaparecem da cobertura internacional da mídia brasileira.

terça-feira, janeiro 31, 2012

O Estado das coisas...

O Brasil foi o quarto pais a receber o maior volume de investimentos no mundo em 2011, superando todos os países da zona do euro e levando a América Latina a ter a maior expansão porcentual em todo o mundo, acima mesmo da Ásia. Os dados foram publicados pela Unctad, em Genebra, e destacam a expansão do consumo doméstico nacional e o tamanho do mercado como principais fatores que contribuíram para a atração de empresas de todo o mundo a investir no País. Pelos cálculos da Unctad, o Brasil recebeu US$ 66 bilhões no ano passado. A expansão da entrada de recursos no Brasil entre 2010 e 2011 também esteve entre as 10 maiores do mundo, com uma taxa de 35% e duas vezes superior à média mundial.

Tempo Real

O Instituto Ethisphere, que todo ano publica uma revista com as 100 personalidades mais influentes na promoção da ética, incluiu a presidente Dilma Rousseff no ranking de 2011. Dilma aparece na 42ª posição em uma lista que inclui líderes mundiais, ativistas, artistas e empresários de todo o mundo. Em primeiro lugar na lista, está o ativista social Anna Hazare, da Índia. A primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, aparece na 58ª posição, pela "promoção de práticas saudáveis para crianças". Na publicação, a presidente Dilma Rousseff é descrita pela revista como uma governante que, no primeiro ano de mandato, adotou medidas para "encorajar a comunidade empresarial do Brasil" a participar de sua meta de erradicação da miséria e redução da desigualdade social.

Números do Futebol







quinta-feira, janeiro 19, 2012

Bunda de bebê

Imagine qual seria a reação geral diante da notícia de que um membro do Governo recebeu R$ 150 mil em adiantamento salarial para reformar o apartamento danificado pelas chuvas??? Ou se os órgãos de fiscalização constatassem "movimentações atípicas" de mais de R$ 855 milhões nas contas bancárias de políticos do PT??? 
Escândalo, CPI, demissões, cassações, condenação pública, convocação de protestos, diagnósticos de crise institucional, desmoralização, um bafafá!!! Com direito a manifestações do Poder Judiciário na sua condição de guardião da lei e nos últimos tempos muito mais falante e atuante na oratória de combate aos desmandos. Mas, como esses acontecimentos e muitos outros dizem respeito a distorções ocorridas no Judiciário, associações de magistrados e excelências de respeitável reputação agem como se contassem com a prerrogativa inamovível de estar coletiva e eternamente acima de qualquer suspeita, por mais suspeitas que possam parecer determinadas ocorrências. 
A partir da criação do Conselho Nacional de Justiça, a despeito da forte reação contrária, foram sendo revelados desvios de conduta em quantidade que chama atenção e inspira cuidados. A atuação da corregedora Eliana Calmon em sua necessária estridência deu publicidade a fatos que a reação corporativista alega contribuírem para levar a Justiça ao descrédito junto à população. Neste aspecto, muito mais deletérios são os argumentos de que as investigações do CNJ configuram uma ameaça ao Estado de Direito. Vale para condutas individuais ou para o que se poderia chamar de farra de pagamentos milionários a títulos diversos. Da mesma forma como estatísticos fazem qualquer coisa com números, juristas encontram nas leis justificativas para quaisquer ações e, com base nelas, falam de uma forma que, aos olhos dos comuns, soa como mera defensiva. A vantagem da Corregedora é exatamente abordar os problemas do ponto de vista do que é certo ou errado. Óbvio, observada a legalidade. Imprescindível também não descuidar da preservação da legitimidade dos atos. 
O caso do Juiz citado acima mais pelo que guarda de pitoresco é típico. Receber adiantamento para reformar um imóvel pode ser aceitável na iniciativa privada, onde o dono do dinheiro negocia e é de alguma forma compensado. Mas, no setor público qualquer desembolso requer critérios rigorososA começar pela transparência, sempre lembrada pelos magistrados em seus julgamentos, como um dos preceitos constitucionais exigidos à administração pública. LIMPE!!!

Sabe o Brasil...???

O Financial Times noticia que o Brasil "cortou mais os juros, pela quarta vez seguida", para 10,5%. Paralelamente, o BNDES, "que tem receita quatro vezes maior que a do Banco Mundial, anunciou redução em empréstimos no ano passado, num movimento que deve ajudar no esforço para baixar as taxas". Economistas acreditam que o governo quer usar a desaceleração como uma oportunidade para continuar a reduzir as taxas de juros reais do Brasil, que são as maiores entre as grandes economias. O FT posta que "todo mundo e suas avós investem no Brasil hoje em dia e finalmente o chanceler do Reino Unido, William Hague, veio ver o motivo de todo esse barulho". Ele se reúne em Brasília com o chanceler Antônio Patriota e o ministro da Defesa, Celso Amorim, e amanhã vai ao Rio para se encontrar com o governador Sérgio Cabral e o comandante da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto. Vem discutir como "ampliar parcerias em áreas como energia", petróleo, além de fazer lobby para a venda de navios de guerra, para o pré-sal.
O NYT perfila Kareem Abdul-Jabbar, o lendário jogador de basquete, anunciado como embaixador cultural pela secretária de Estado, Hillary Clilnton. Ele vem ao Brasil no domingo "para uma missão de seis dias", visando "promover educação, tolerância racial e entendimento cultural entre os jovens ao redor do mundo". O mesmo NYT noticia que o site Peixe Urbano fechou rodada para novo aporte de venture capital, com Morgan Stanley, T. Rowe Price, General Atlantic e Tiger Global. Os recursos serão usados para pesquisa e desenvolvimento, inclusive e-commerce, para além das compras coletivas.
E o Wall Street Journal faz uma rodada com o noticiário de que no Brasil o Facebook passou o Orkut, mas este continua crescendo. De todo modo, "agora há apenas seis países onde o Facebook não é a rede principal: China, Japão, Coreia do Sul, Vietnã, Polônia e Rússia".

quarta-feira, janeiro 18, 2012

Desmérito

A atitude da Standard & Poor's, que rebaixou as notas da França, da Áustria, da Espanha e da Itália, foi claramente intempestiva pelo seguinte:
1) Há claros sinais de um entendimento político e econômico mais profundo na Eurolândia;
2) Os EUA vão crescer em torno de 2,5%, com redução do desemprego;
3) O Japão aumentará seu crescimento acima de 1%;
4) A China mostra que seguirá aterrissando suavemente;
5) Os emergentes devem crescer entre 3% e 5%;
6) A taxa de inflação mundial esta mais comportada.
Na melhor das hipóteses, parece uma tentativa de protagonismo para tentar readquirir a credibilidade perdida com os seus dramáticos erros. Explicitou a terrível arrogância que envolve o sistema financeiro internacional, que se apropriou do poder político dos Estados e está estressando o sistema democrático.
O que mais pode significar a nota da S&P, quando nos informa que "as iniciativas tomadas recentemente por líderes europeus podem ser insuficientes para atacar problemas sistêmicos da área do euro", se não que os interesses que representa estão acima das leis e dos interesses dos cidadãos de cada país. E que as soluções democráticas que exigem tempo, habilidade e paciência são um estorvo?
A crise da Eurolândia é complexa. A resistência do governo grego à pressão dos seus antigos cúmplices, que já embolsaram as suas comissões, é apenas natural. O que não é natural é exigir que os governos que já não estão mais nas mãos que eles corromperam ignorem aquela complexidade para atender à sua impaciência.
A situação mundial apresenta os primeiros sinais de melhor perspectiva. Basta ver que o desemprego nos EUA caiu de 10% para 8% e que o capital financeiro encontra, por enquanto, refúgio nos mercados emergentes.
Nas primeiras duas semanas de 2012, as Filipinas colocaram US$ 1,5 bilhão em bônus de 25 anos à taxa de 5% ao ano; a Colômbia vendeu US$1,5 bilhão em bônus de 29 anos à taxa de 4,964%; a Indonésia vendeu bônus de 30 anos a 5,375%. No Brasil, o Tesouro e o setor privado colocaram nada menos do que US$ 2,6 bilhões. E os papéis do Tesouro pagaram 3,449%!
A equivocada decisão da S&P só pode trazer maior volatilidade se ela ainda tiver alguma imerecida credibilidade.