
sábado, setembro 30, 2006
Últimas voltas...
Nunca poderia imaginar que voltaria a viver dias como estes no Brasil. Um golpe das elites nacionais se fecha contra o Presidente Lula. Infelizmente não é uma figura de linguagem, os golpistas estão em movimento e acelerado.A insatisfação desses brasileiros mais afortunados não é um segredo. Ela é pública, percorre as edições de revistas e jornais escritos sob medida. A insatisfação da burguesia nacional vem se acumulando ao longo dos anos. Com os meios de comunicação nas mãos, vêm minando a república brasileira sem se importar se com isso vão passar por cima da vontade da maioria. A repetição da mentira se tornou o hábito desses brasileiros. O voto popular de confiança no Presidente Lula resistiu nos últimos anos a um bombardeio de acusações jamais visto na história. Na boca da urna os mais ricos ainda querem mais; e junto querem que a democracia que o brasileiro mais pobre acreditou existir.... exploda!!! . Estou calmo, compreensivo e sem rancor. Sei que nesse momento não é de raiva, nem de espírito de vingança que preciso. Necessito trabalhar mais, conversar, convencer...aproveitar para continuar fazendo a minha parte. Eu sei que na periferia, nas regiões mais miseráveis do país tem gente que não conheço que precisa do meu empenho, da minha certeza, do meu esforço. Vou a luta e peço que você que chegou até aqui, faça o mesmo. Essa é a única forma que conheço de não abandonar o povo do Brasil.
Tenho a certeza que venceremos!
Amanhã vai ser outro dia.
quinta-feira, setembro 28, 2006
Todas as mulheres de Chico
Três tipos de “lindo” ecoaram à noite, insistentemente, às margens plácidas do rio Pinheiros, na nova turnê de Chico Buarque. O “lindooooooo” mais arrastado e devoto era das belas e solteiras afilhadas de Balzac. Mal Chico entoou os primeiros acordes de “Voltei a cantar”, e elas, cabelos escovados e roupas ainda cheirando a vitrines, já se jogavam todas. Um “lindooo” levemente mais econômico era o silvo das bem mais jovens. As raras gazelas viam pela primeira vez um Chico ao vivo. Acostumadas a shows em pé, para dançar, essas Renatas Marias esqueceram por uma noite o rock e levaram para casa, beleza roubada pelas fotos digitais, os olhos verdes do cantor. O “lindu” sincopado, quase um adultério cometido com o leve bater dos lábios, era de comportadas senhoras caídas sobre o peito de senhores austeros. Gritavam e davam aquela olhadinha para conferir se estava tudo bem. É Chico, meu bem, me perdoa por te trair, pareciam a dizer em sussuros imaginários. Sem drama, aquele show era um prenúncio do mal, a promessa de felicidade mais tarde! Júlia, a moça da mesa ao lado, perfume de quem saiu de casa com maus pensamentos, temente aos céus, sibila: “Que homem é esse, meu Deus!”. A amiga indaga: “Fazia?”, que no glossários dos amores de hoje significa o que você neste exato instante imagina. Para cada lindo, um “uhuuuu” bem mais grave, aquele que sai, meio selvagem, com aroma mal-intencionado, da garganta profunda das belas moças. Sim, muito “Chico, eu te amo” pipocando de todos os cantos do salão. E só na vigésima primeira canção, a lei mais explícita e almodovariana do desejo prevalece, impera e ganha voz: “Chico, eu quero dar pra você!!!” Finalmente a vontade coletiva de todas as fêmeas virava um desavergonhado manifesto escrito a batom e coragem. “Só você que quer, é, minha filha!?”, cutucou a amiga. Como elas se divertiam! Que graça uma mesa de mulheres brincando com o desejo como quem dança, de vestidinho sem nada por baixo, na chuva. No salão do Tom Brasil, Chico arriscou um samba, um passo. Não havia mais tempo para nada. Só para as Balzaquianas arrumarem os já desalinhados decotes. Tempo para os garçons me negarem um chorinho. Tudo bem, Chico no palco, durante todo o show, só bebeu água.
terça-feira, setembro 26, 2006
HELP
O escritor português Eça de Queiroz, com sua verve habitual, recomendava a todos que falassem “patrioticamente mal os idiomas alheios”. Seus conterrâneos parecem ter seguido o conselho do grande mestre. Mas Eça teria um ataque de nervos se passasse nos escritórios de empresas brasileiras. Nelas, abusa-se das expressões em inglês e, na falta delas, de traduções literais que ofendem a inteligência e os ouvidos. Existe nesse hábito um traço de colonialismo, de rejeição à cultura local. Há também um certo esnobismo. Afinal, o domínio de uma língua no Brasil é prova incontestável de cosmopolitismo. Por fim, isso serve para reforçar uma distinção social. Hoje, o domínio de outros idiomas é obrigatório. O ensino do inglês e espanhol deveria ser tão prioritário quanto o de matérias tradicionais. O aprendizado de línguas amplia horizontes, mas a utilização desse conhecimento além da conta revela deselegância. Uma das alegações é que não existem palavras equivalentes em português. Bobagem. É justamente o contrário. Software quer dizer programa. Cash flow significa fluxo de caixa. CEO pode ser substituído por Presidente. É possível fazer concessões para expressões como internet. As áreas de finanças e de tecnologia são as maiores usuárias dos estrangerismos. Podem alegar que são atividades altamente globalizadas. Mas, ora, deixem isso para as reuniões no exterior. Por conta disso, não é necessário atentar contra o português criando neologismos quase incompreensíveis. Nesses tempos de fusões e aquisições, deram para lançar mão da palavra “bidar”. Isso mesmo, do verbo inglês to bid, cujo significado é fazer uma proposta de compra. Em alguns casos, a transposição do inglês é tão torta que bate de frente com palavras já existentes no português. As confusões são inevitáveis. Certa vez, um executivo de um fabricante de caminhões disse sobre a greve de caminhoneiros que estava parando o País: “nós entendemos as reivindicações deles, mas não podemos "suportar" essa atitude.” Questionado se ele estava irritado, ele disse que não. O diálogo tornou-se uma conversa de surdos. Até que ele explicou. Suportar, em seu vocabulário, era uma derivação do verbo to support, que ele havia criativamente adaptado para a “última flor do lácio, inculta e bela”. O pessoal da área de informática contribui bastante para esse estado de coisas. Logo que a indústria de software (desculpem, programas) começou no Brasil, os técnicos criaram a pérola “localizar software". Quando ouvi, pensei que haviam perdido o programa. Nada disso, localizar vem de to become local, ou seja, adequar, ou adaptar. Mas, não, preferiram, e ainda preferem, localizar.
Help, meu Santo Eça de Queiroz.
segunda-feira, setembro 25, 2006
NULO???
Acho o voto nulo um erro. Sempre há um nome melhor (ou menos pior) do que os outros nas eleições majoritárias. E há muitos candidatos a deputado que merecem nossos votos.
Na reta final
Pretendia escrever sobre as discrepâncias entre as pesquisas do Ibope e do Datafolha. Mas mudei de idéia ao ler matéria publicada no Estadão sob o título “Rigor com a corrupção na política varia com região e condição social”. É candidata ao primeiro lugar da campanha “Vamos envenenar este País” em curso em muitos jornalões brasileiros. Jogando com números de uma pesquisa do Ibope que não prova nada, a matéria tenta sustentar a tese de que os nordestinos, os pobres e os negros dão menor valor à questão ética do que os habitantes do “Sul Maravilha”. Diz o Estadão: “No Nordeste, 10% dos eleitores declaram que votariam em político acusado de corrupção. No Sul e no Sudeste, esses índices são de 7%”. Na realidade, as variações são mínimas, dentro da margem de erro e não indicam absolutamente nada. Aliás, se alguma coisa pode se depreender desses números é que, na valoração da questão ética, há um padrão homogêneo nas diferentes regiões – e não o contrário. Mas há mais. O Estadão avalia também que a pesquisa permite estabelecer relação entre cor e rigor moral. A idéia que se passa é de que, quanto mais escura for à cor da pele, maior será a frouxidão com valores éticos. Tenha a santa paciência. Alguém quer provar, sabe-se lá por que, que o povão não “está nem aí” para a corrupção e que nossa elite tem padrões morais dignos de Catão. Mais um pouco e descobriremos que os pobres, os nordestinos e os negros são os responsáveis pela corrupção, que os ricos não têm nada a ver com isso, que em São Paulo nunca se pagou nem se recebeu propina e que os brancos sempre repeliram com veemência a idéia de pagar ou de levar um “por fora”. Mas tem gente pegando pesado demais nessa eleição. Como dizem os jovens: “menos, gente, menos”. É muito fácil envenenar um País, e muito difícil desintoxicá-lo depois. É como o adolescente que cai na droga. Para entrar na onda, bastam semanas. Para sair dela são necessários anos.
domingo, setembro 24, 2006
sábado, setembro 23, 2006
Jornal diz que Bin Laden morreu.

sexta-feira, setembro 22, 2006
Populismo???

"Entre 2003 e 2005, o Brasil viveu um 'segundo Plano Real' em termos de redução da pobreza. Essa é a conclusão de um estudo realizado por Marcelo Neri, do CPS da FGV. O trabalho de Neri, que será apresentada em detalhes hoje, foi realizado com base nos dados da PNAD de 2005. De acordo com Neri, a redução da miséria entre 2003 e 2005, de 19,18%, foi até maior do que a verificada entre 1993 e 1995, de 18,5%. A proporção de miseráveis caiu de 35,3% para 28,8% entre 1993 e 1995 e de 28,2% para 22,7% entre 2003 e 2005.
O economista da FGV observa que aqueles dois períodos estão separados por oito anos, de 1995 a 2003, de estagnação na diminuição da miséria."
quinta-feira, setembro 21, 2006
Assinar:
Postagens (Atom)