quinta-feira, maio 05, 2011

Olha aí, meu bem...

Gosto muito do verão e do sol. A chegada destas ondas de frio e a mudança abrupta de temperatura trazem o risco de gripe e minha sinusite sofre com o tempo frio e seco. Não quero discutir aqui o clima, porém uma percepção  de que as economias globais podem estar entrando numa fase de crescimento moderadoOs dados recentes dos EUA mostram um arrefecimento do mercado de trabalho e dos indicadores de atividade em serviços. O ajuste fiscal que se aproxima também não ajuda a perspectiva de crescimento.  O aperto monetário e cambial na Ásia começa a ter efeito e o discurso determinado das autoridades chinesas no sentido de evitar o aquecimento da economia e a elevação dos preços indicam que a atividade deve cair por lá. Os ajustes fiscais na Europa se intensificam, com Portugal, Grécia e Irlanda já nos braços do FMI, enquanto Espanha conduz seu ajuste auto-imposto. O Japão ainda luta para sair da crise causada com os incidentes de março. Nos BRICS, a preocupação com inflação e com o aquecimento da economia força os BC’s a apertarem as condições de crédito e a reduzirem o impulso fiscal adotado até então. Apesar dos dados bons da indústria, notamos aqui sinais de queda de demanda em alguns setores e uma pressão nas margens de lucro. De um lado temos as pressões de custos e do outro lado a pressão do BC visando impedir que tais pressões de custos cheguem aos consumidores. É um ambiente onde as empresas reduzem seus gastos procurando maior produtividade o que gera um desaquecimento na economia. A inadimplência está subindo, mostrando uma fadiga temporária no processo de crescimento do crédito. BNDES também reduz ritmo de seus desembolsos e governo adota uma política mais austera de elevação do superavit nas contas públicas. Tudo isto leva a um resfriamento da demanda. Este cenário pode levar ao estouro das bolhas de commodities. Com a queda do dólar e dos juros americanos, ficou fácil especular com commodities. Com o risco de uma queda de demanda por commodities, há a possibilidade que a bolha estoure e os preços caiam. Houve um acúmulo de estoques de algumas commodities em cenário de demanda estável, o que explica a elevação dos preços. A sensação que dá é que o movimento de aceleração do crescimento dos BRICS que tirou a economia global do buraco em 2009 e 2010 saturou. Os dados de atividade, inflação e emprego mostram que podemos estar perto do limite. O lado desagradável é que seria de se esperar que a economia dos EUA estivesse mais forte neste momento. Porém a coisa por lá não está tão boa. O crescimento é frágil, como mostram os dados econômicos mais recentes. E Europa e Japão tem seus problemas. Logo, é razoável se esperar uma redução na taxa de crescimento global. Com isto a taxa de juros de longo prazo deve cair por aqui. A bolsa deve ficar de lado por mais algum tempo. A queda do dólar pode ser interrompida ou desacelerada. E algumas commodities podem cair de preço. Não é o fim do mundo. Só um ajuste saudável, que ajudaria a conter as pressões inflacionárias e a encurtar o ciclo de alta de juros. Não vejo tampouco o risco de um crash, pois a alavancagem do sistema é menor, há um excesso de liquidez e juros baixos. Todos estão cientes deste desafio e que a recuperação global é frágil. Logo, os Governos não permitirão uma nova crise ou recessão global. Trata-se de um ajuste natural depois de um período de crescimento forte nos BRICS e na Ásia. A alta dos juros americanos poderia tornar tal cenário mais dramático, porém o FED tem deixado claro que tal processo está longe de começar. Como disse, é uma sensação de frio que chega após um verão forte. Um fato natural nos ciclos econômicos e climáticos. Para alguns este frio pode causar gripes. Nada muito sério, porém é preciso se agasalhar, e se vacinar. Nos mercados, a prudência é a melhor vacina. Como Benjor diz: prudência, dinheiro no bolso e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

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