sexta-feira, outubro 28, 2011

Desembolsos diminuem


O gráfico mostra a taxa de crescimento do volume de empréstimos desembolsados pelo BNDES ano a ano desde 2006. A taxa de crescimento dos desembolsos do BNDES, que em 2006 foi de 10% aa, foi acelerando até 2009 quando cresceu 50%Em 2010 houve uma desaceleração no volume de desembolsos, que ainda cresceram 23%Porém em 2011 até julho, temos uma queda de 5% no volume de empréstimos desembolsados. Acredito que o governo percebeu que o crescimento da carteira do banco era insustentável e portanto decidiu reduzir o volume de desembolsos. Além disto é possível que os empresários tenham percebido o desaquecimento da economia e decidiram assim adiar alguns de seus investimentos. Seja qual for o motivo, tal queda no impulso creditício do BNDES foi bastante expressiva, como vemos no gráfico abaixo que mostra a variação anual acumulada dos desembolsos,  como % do PIB:
Vemos que o crescimento dos desembolsos veio crescendo até 2009, saindo de zero até 1,3% do PIB!!! Se todo este dinheiro foi gasto nos 12 meses subsequentes em investimentos produtivos, podemos dizer que o crescimento dos desembolsos de 2009 pode ter gerado uma contribuição de mais de 1% no crescimento do PIB em 2010! Se tal raciocínio estiver correto, explica-se aí um pouco da queda da produção industrial em 2011, decorrente da redução do impulso do BNDES de 1,3% para 0,3% em 2010. Se extrapolarmos esta hipótese, podemos prever quedas mais fortes na atividade nos próximos meses, uma vez que o impulso caiu de + 0,3% em 2010 para -0,5% do PIB nesse ano!!! Como não podemos depender do BNDES para financiar nossos investimentos de forma crescente, é preciso que o setor financeiro privado assuma este papel, preferencialmente através do uso dos mercados de capitais. Entende-se aí o forte desejo da Presidenta em derrubar as taxas reais de juros, o que , se ela tiver sucesso,  pode motivar uma mudança na alocação da poupança privada, que hoje está fortemente investida no curto prazo, para investimentos de longo prazo. Contudo, trata-se de uma experiência de risco, pois na medida em que não geramos  poupança interna suficiente para financiar nossos investimentos, tal redução dos juros  acompanhada de uma desvalorização do Real pode tirar a inflação da meta, o que aumentaria o risco macro-econômico,  reduzindo assim os investimentos privados. Para que isto não ocorra é preciso aumentar a formação de poupança no país. Um ajuste fiscal forte poderia ajudar neste sentido. Vamos torcer para que esta tentativa funcione.

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