sexta-feira, outubro 28, 2011

Partidos influenciam adesão à democracia

Ao contrário do que afirmam boa parte dos autores da literatura especializada, e muitos dos nossos analistas políticos - eu diria que, neste último caso, quase a maioria -, de que os partidos são desimportantes na vida institucional do país, eles são importantes e influenciam, sim, atitudes e comportamentos políticos nacionais. E influenciam, ainda com maior intensidade, a decisão de voto dos eleitores. A conclusão é de estudo do cientista político Yan Carreirão, professor da UFSC, com a qual concordo integralmente. Carreirão expôs seu trabalho no 35º encontro anual da ANPOCS. Suas teses mereceram uma bela reportagem do jornalista Uirá Machado, na Folha UOL. Nesse trabalho, que vai na contramão da "intelligentsia" acadêmica nacional, o professor constata que a identificação do eleitor com o PT e o PSDB teve influência significativa no voto do eleitorado nacional nas eleições do ano passado. Mostra, por exemplo, que naquele pleito um eleitor não tucano tinha 90% mais de chance de votar na presidenta Dilma Rousseff, do que no candidato do PSDB e da oposição, José Serra. O trabalho acadêmico mostra, ainda, que atitudes políticas, como adesão à democracia ou aceitação da repressão, também são influenciadas pelos partidos, ainda que em menor intensidade do que no caso do voto. Nesse ponto Carreirão concluiu que os eleitores que manifestaram preferência pelo PT no ano passado mostraram maior tendência a apoiar a democracia do que aqueles identificados com o PSDB. Ao mesmo tempo, os tucanos tiveram maior tendência a aceitar medidas repressivas do que os petistas. Carreirão fez o seu trabalho com base no Estudo Eleitoral Brasileiro que, em 2010, mostrava que 32% dos brasileiros, em termos de identificação partidária preferiam o PT, contra 9% que preferiam o PSDB.

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