segunda-feira, março 05, 2012

Ciência e Desenvolvimento

A Presidenta Dilma Rousseff tem viagem marcada para os Estados Unidos, onde vai se encontrar com Barack Obama. Vai cumprir uma agenda, cujos destaques serão os temas relacionados com a educação, em particular iniciativas para turbinar o Programa Ciência sem Fronteiras, que prevê o intercâmbio de professores americanos e alunos brasileiros nas universidades dos dois países. É intenção do governo aumentar neste ano para 18 mil o número de bolsas em cursos de pós-graduação no exterior e não somente nos EUA. Faz parte do objetivo estratégico de ampliar os incentivos à inovação, anunciado por Dilma no final de 2011, o financiamento oficial a 100 mil bolsistas brasileiros nos próximos anos, em todas as áreas que ofereçam a oportunidade de acelerar o desenvolvimento tecnológico. Os Estados Unidos são ainda a fonte mais avançada do conhecimento técnico-científico e, prosperando os acordos que se pretende firmar durante a visita, a economia brasileira poderá se beneficiar muito desse entrosamento, especialmente o seu setor industrial que depende fundamentalmente da inovação para garantir a futura capacidade de competição nos mercados mundiais. Não custa lembrar que o grande competidor universal mantém 200 mil chineses estudando em universidades e cursos científicos no exterior, aproximadamente 80% nos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra. Reportagem especial da The Economist, sob o título geral de “Capitalismo de Estado”, inserida na CartaCapital, traz informações e comentários muito interessantes sobre a evolução da economia mundial, com foco no que apontam como a batalha definitiva do século XXI: “Não será entre capitalismo e socialismo, mas entre versões diferentes do capitalismo…” O Brasil é citado, “embora en passant”, como um dos players importantes desse “grande jogo” que vai decidir o futuro da economia mundial. Somos apresentados como “um exemplo de boas práticas para os capitalistas de Estado se espelharem” e pelo fato de “ter sido pioneiro no uso do Estado como um acionista minoritário”. Certamente uma referência ao papel do BNDES, à presença dominante da Petrobras na área de energia e à participação dos fundos de pensão das empresas estatais nos investimentos privados e do próprio Estado. A estrela da reportagem, como não podia deixar de ser, é a China: sua subida meteórica ao primeiro escalão do poder mundial, suas demonstrações de eficiência na concepção de “novos” modelos e na gestão do processo de desenvolvimento e, fundamentalmente, suas ambições de, singelamente, ter o mundo em suas mãos. Como realizá-las, superando uma “brutal competição por recursos limitados”??? O texto relaciona ações do Estado chinês nas duas últimas décadas à procura de matérias-primas em todo o mundo. Muito elucidativa é a avaliação de uma alta fonte diplomática, citada na revista: “Os países ocidentais se sentem seguros ao comprar petróleo internacionalmente porque criaram o sistema. A China, não. Ela está convencida de que precisa usar todos os elementos do poder nacional – suas empresas e bancos, suas agências de fomento e diplomatas – para assegurar sua cota justa”. Fica no ar a pergunta: e se o poder financeiro e “as ações diplomáticas” não forem suficientes para garantir a “cota justa”??? São questões que certamente estarão presentes nos encontros que a Presidenta Dilma terá com seu colega Obama e demais personalidades do governo e do empresariado americano. Além do tema principal do intercâmbio universitário, a mídia internacional já incluiu na pauta o interesse americano de discutir parcerias na área energética, com destaque para as oportunidades de exploração do petróleo e gás das jazidas do pré-sal para novos investimentos no desenvolvimento da indústria petroquímica. Durante a visita, uma delegação de cerca de cem empresários organizada pela CNI estará se encontrando com seus colegas americanos para discutir parcerias e transferência de tecnologia.

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