terça-feira, novembro 14, 2006

Repercussões sociais de alterações na Previdência

Treze bons pontos sobre o déficit da Previdência estão no blog do Luis Nassif, elencados pelo economista Amir Khair. Reproduzo os cinco primeiros, vale a pena ler todos eles.
"Nesses tempos de discurso único, um contraponto de Amir Khair a esses estudos recorrentes sobre o déficit da Previdência:
1) A Previdência Social é a maior política de seguridade social do país;
2) 67% dos aposentados e pensionistas ganham só até um salário mínimo;
3) A maioria vive na zona rural e o benefício ajuda a desenvolver a economia local e ajuda a fixá-los no campo;
4) O conceito de déficit precisa ser revisto, pois 63,5% do mesmo são devidos ao programa de assistência social;
5) O chamado "déficit" da Previdência Social é de 1,9% do PIB, inferior aos juros pagos pelo setor público."

segunda-feira, novembro 13, 2006

Richthofen

Promotores públicos desconfiam que estão no nome de Suzane Louise von Richthofen duas bem fornidas contas num banco suíço. Uma denúncia anônima encaminhada ao Ministério Público dá como certo que as contas 15.616 e 15.6161, abertas em 1988, no DBTC, atual Union Bancaire Privée, pertencem a família Richthofen. Estima-se que essas contas abriguem pelo menos 10 milhões de euros, dinheiro supostamente desviado das obras do Rodoanel, orçada em R$ 339 milhões, mas que acabou consumindo mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos. A construção do trecho foi administrada pela DERSA, empresa da qual o pai de Suzane, Manfred von Richthofen, era diretor. Os promotores desconfiam que essas contas estejam em nome de Suzane. Se essa impressão se confirmar, acreditam que a condenada tem boas chances, uma vez em liberdade, de manter seus direitos sobre elas – e a fortuna nelas guardada. Além dos números das contas suíças, o documento encaminhado aos MPs detalha outras instituições financeiras com as quais Manfred operava. Segundo a denúncia, parte do dinheiro passava pelo Citibank. Outras duas contas correntes, ambas na Nossa Caixa, teriam recebido aportes consideráveis pouco antes da morte de Manfred. E mais: os promotores suspeitam que a viagem que o casal Richthofen fez à Suiça, um mês antes de morrer, foi exatamente para tratar das finanças aportadas no Exterior. Ainda segundo a denúncia, Manfred usou a documentação de sua filha para lavar esses milhões de reais. Ou seja, tecnicamente ela é dona do dinheiro. Os promotores, é claro, estão prontos para inquirir Suzane sobre o assunto. Nos próximos dias, tanto ela como os irmãos Cravinhos, que executaram os crimes, serão chamados para contar o que sabem. Logo após os assassinatos, Daniel, então namorado de Suzane, chegou a falar sobre essas contas de Manfred no Exterior. Ele acrescentou que Suzane fora levada pelo pai a assinar vários documentos sem saber, precisamente, a finalidade. Na bolsa de apostas internas e nos corredores da Assembléia Legislativa de São Paulo, onde um pedido de CPI para investigar o caso foi abortado, os palpites para o suposto superfaturamento do Rodoanel chegam às cifras dos R$ 100 milhões. A obra foi condenada pelo TCU. Os promotores já sabem que Manfred era reconhecido na DERSA como um expert em operações financeiras. A denúncia sobre a existência das contas no Exterior já fora feita anteriormente, três anos atrás. Na ocasião, os promotores estaduais arquivaram o processo. Desta vez, porém, eles acreditam que a história se tornou mais crível. Extremamente meticuloso, num texto de seis páginas, o denunciante expõe quem é quem no suposto esquema mafioso traçado por Manfred. Apresentam-se endereços e CPFs e, nas duas últimas páginas da carta, uma detalhada relação das propriedades da família Richthofen, as contas bancárias no Brasil e no Exterior, além dos comprovantes de empresas de Manfred que ainda estão na ativa. O processo corre em segredo de Justiça. Rica, poliglota e vaidosa, Suzane foi criada numa mansão em uma área nobre da cidade de São Paulo. Hoje, na Penitenciária de Ribeirão Preto. Mesmo responsabilizada pela morte do pai e da mãe, Suzane trava uma briga judicial com o irmão Andreas pelos R$ 2 milhões de patrimônio oficial deixado por Manfred. Andreas já recebeu R$ 300 mil pelo seguro de vida do pai.

Como um tetracampeão

O São Paulo foi ao Serra Dourada e passeou. Com menos de 20 minutos já vencia por 2 a 0, placar final, um golaço de Mineiro, de fora da área, e outro de Fabão, aos 18, de cabeça. O tricolor jogou como um campeão. Mesmo sem Rogério Ceni, mas com Bosco, sempre atento quando é preciso. E com um grupo de atletas que sabe o que fazer em campo e o que fazer com a bola, sem ninguém que deixe a desejar. Na reta final, o São Paulo não tem tratado de apenas assegurar o tetra que a cômoda vantagem lhe garante. Tem jogado bem, com atuações agradáveis de serem vistas. São Paulo e Inter, campeão e vice-campeão, honram as tradições do futebol brasileiro.

Presidente Aldo

O presidente da Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se cumprimentam, durante cerimônia de transmissão do cargo no aeroporto de Congonhas, antes da viagem à Venezuela. Aldo é o primeiro comunista brasileiro que senta na cadeira presidencial.

domingo, novembro 12, 2006

Mensalão

O assessor especial de Lula e atual presidente do PT Marco Aurélio Garcia disse a Bob Fernandes, no site Terra Magazine, que o mensalão não lhe parecia "uma realidade objetiva, provada e comprovada". Sugeriu que tudo não passava de "uma construção jornalística" inspirada por Roberto Jefferson, a quem apresentou ironicamente como "uma grande reserva moral do país". Garcia é tido entre os de sua espécie como um intelectual denso, criterioso e respeitável. É o principal conselheiro de Lula para assuntos internacionais, o que não é pouca coisa. Sempre presto atenção no que ele diz. Na entrevista ao site, ele argumentou que a tese do mensalão só ganharia consistência se "o jornalismo investigativo estabelecesse conexões entre votações e a compra de deputados." Por isso, preferia ficar com a tese do caixa 2. Tô com ele e não abro!!!!

Oposição volta com tese de CPIs

Começou de novo a moda de fazer CPIs para desestabilizar o governo e criar um clima de suspeição na sociedade, para impedir que o governo aprove projetos prioritários no Senado e paralisar a administração publica. Essa é a nossa oposição, que conta com apoio de certa mídia sensacionalista e quase marrom, que sustenta e estimula essas ações. Tudo serve de pretexto. Aquilo que deveria ser a fiscalização do Legislativo e do TCU está se transformando em instrumento para lançar uma nuvem de suspeição, repito, de corrupção e conexão com o governo e com o PT, serve qualquer irregularidade ou mesmo a ausência de fiscalização ou controle de cinco, dez anos atrás. Desde o segundo turno, jornalões falavam que a oposição tenta criar uma CPI das ONGs, mas já houve uma CPI sobre isso, esse assunto é requentado. A CPI da Terra foi totalmente manipulada pela oposição com fins eleitorais e só investigou ONGs, não abordou nenhuma entidade patronal que também recebeu dinheiro público. Uma pergunta, agora vão investigar o Sistema S? É muita cara-de-pau da oposição e muito jornalismo marrom.

Exemplo de redução da desigualdade

O Programa da Nações Unidas para o Desenvolvimento apontou em seu Relatório de Desenvolvimento Humano de 2006, o Brasil como exemplo de melhoria da distribuição de renda, com programas como o Bolsa-Família, que transfere renda para 7 milhões de famílias vivendo abaixo da linha da pobreza, e os sucessivos aumentos reais do salário mínimo.

BUSH

Vamos passar rapidamente por assuntos relegados nessas duas semanas. George W. Bush perdeu as eleições legislativas em meio ao segundo mandato. O secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, caiu. Por que o republicano Bush perdeu o controle da Câmara e do Senado? Pelo mesmo motivo que o levou a vencer o democrata John Kerry dois anos atrás. Se vocês estão lembrados, Bush fez há dois anos uma campanha centrada em atacar Kerry como incompetente para desempenhar a função de comandante-em-chefe das Forças Armadas. Eu não me alinho entre os entusiastas da passagem do poder aos democratas. A agenda deles para nós é uma pressão permanente para que corrijamos nossas mazelas sociais e também para que contenhamos o nosso desenvolvimento, em nome da preservação ambiental. Qualquer um percebe que se trata de um nó cego. Não deduza do que eu escrevi que sou contra a preservação ambiental. Eu sou a favor. Sou a favor do desenvolvimento sustentável e sustentado. O problema nesse debate aparece quando as potências centrais querem nos impor a estagnação como o preço para que sejamos reconhecidos como um país ambientalmente responsável.

sábado, novembro 11, 2006

No Mínimo...

Da água para o vinho
Depois de Letícia Sabatella em “Páginas da vida”, Deborah Secco vai fazer papel de noviça rebelde em “Pé na Jaca”. É a Globo, aos poucos, substituindo a idéia do núcleo gay pelo de jovens religiosas em suas novelas.
O Brasil mudou
Deu no UOL Economia: “Os itens do churrasco foram os grandes vilões da cesta básica do paulistano no mês de outubro.” Ou seja, o povo reclama de barriga cheia.
Biografia
O tucano Eduardo Azeredo tinha bons motivos para querer acabar com a Internet. Não quer ser lembrado como o senador que inventou o Marcos Valério.
São Joaquim
O jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, que outro dia virou nome de presídio por equívoco do governo do Rio de Janeiro, levou novo susto com sua biografia na Internet. Consta do Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira que ele nasceu no dia 19/08/1950 em Florianópolis. Peralá! O cara é carioca de Vaz Lobo e costuma dizer pras mocinhas que tem 47, no máximo 49 anos.
Vida dura
O brasileiro anda na maior dúvida: não sabe se enforca a segunda e a terça ou a quinta e a sexta no feriadão de 15 de novembro. Só se falava disso para matar o tempo de espera nos aeroportos de todo o país.
Monotonia
Eleição americana sem recontagem de votos, francamente, não tem a menor graça.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Liberdade, Igualdade e Pós-Modernidade

Umberto Eco é autor de um artigo em que examina a vida moderna através do comportamento dos fanáticos do chamado esporte bretão, jogo aperfeiçoado pelo povo da República Federativa do Brasil. Eco odeia os fanáticos do futebol, porque os vê como agentes do nacionalismo ecumênico, como "criaturas tão convencidas da igualdade entre os homens que são capazes de quebrar a cabeça do fanático da província limítrofe". Convencidos da universalidade do seu particularismo distribuem porradas nos que estão no mundo exatamente como eles, só que do lado contrário. Eco descobre no fanático do futebol, o ser emblemático da pós-modernidade, o apóstolo da homogeneidade absoluta do discurso, um ponta-de-lança da igualdade ao rés das chuteiras, que esconde sua obsessão pela igualdade mais primária sob a paixão pela cor diferente da camisa de seu clube. "Não têm sequer a noção de diversidade, variedade e incomparabilidade dos mundos possíveis". Lembrei-me de Jean-François Lyotard e de seu elogio da pós-modernidade. Ele dizia: "Não podemos mais recorrer à grande narrativa - não podemos nos apoiar na dialética do Espírito, nem mesmo na emancipação da humanidade para validar o discurso científico pós-moderno". Para Lyotard, a verdade é a parte. A fragmentação é o único caminho que pode reconciliar o indivíduo com a sociedade, parece proclamar Lyotard em sua fúria para destruir a herança do Iluminismo. Ele argumenta que as concepções teóricas, as interpretações da história são necessariamente coercitivas e dogmáticas e, pior que isso, as Filosofias da História levam inexoravelmente a humanidade ao beco sem saída da opressão e do totalitarismo. Hegel havia imaginado que a igualdade e a diferença não só seriam indissociáveis na sociedade moderna, como deveriam subsistir, reconciliadas, sob as leis de um Estado Ético. Este Estado permitiria a cada elemento preservar sua diferença em relação aos outros e, ao mesmo tempo, harmonizá-la entre si, manter a integridade do todo. Mas, as transformações econômicas das sociedades modernas e o fracasso das tentativas de impor o Estado Ético reforçaram, na verdade, a fragmentação e, neste particular, o discurso da pós-modernidade apenas conclui o que os fatos dizem. Os fatos dizem que assistimos ao declínio das Utopias, à degradação das propostas coletivas, ao memento mori das Grandes Filosofias. O mundo parece se aproximar, em sua evolução e na transformação das consciências, de um incompreensível mosaico colorido, formado por todas as torcidas de futebol que têm em comum a paixão pela bola e a dificuldade de aceitar as razões do outro. "Deixem que os outros venham a nós. Assim poderemos bater à vontade", resume Eco. O crítico norte-americano Fredric Jamenson suspeita que a passagem do período moderno para o pós-moderno significou a substituição da alienação do sujeito pela fragmentação do sujeito. Jamenson está preocupado com a incapacidade do sujeito moderno compreender o sentido do que aparece fragmentado. Para ele, a fragmentação do sujeito e de sua vida é a contrapartida da integração cega - e cada vez mais abstrata e inalcançável - promovida pelas forças "objetivas" que controlam a sociedade. Na verdade, isso significa que a transnacionalização dos mercados e da produção, dos estilos de vida e de consumo, opera sem descanso e promove a colonização da vida individual e coletiva. A lógica implacável da concorrência globalizada impõe a submissão da vida privada às incertezas de um processo impessoal que é absolutamente indiferente ao destino dos indivíduos. As empresas mudam suas fábricas para a China. Para o cidadão comum, processos econômicos incompreensíveis o arrastam ladeira abaixo. As erráticas e inexplicáveis convulsões das Bolsas ou as misteriosas evoluções das moedas são capazes de destruir suas condições de vida. Mas o consenso dominante trata de explicar que se não for assim sua vida pode piorar ainda mais. A formação deste consenso é, em si mesmo, um método eficaz de bloquear o imaginário social, impedi-lo de buscar, mediante a ação coletiva, a construção da sociedade em que se torne possível o exercício da autonomia e da liberdade.

O PODER DAS PALAVRAS

Algumas palavras adquirem um tal poder no imaginário popular que contaminam o comportamento das pessoas. Temos no Brasil um exemplo paradigmático desse fenômeno. Nos idos dos anos 70, o mundo sofreu uma enorme especulação de preços, apoiada na cartelização dos produtores de petróleo. A demanda dessa commodity por unidade do PIB é um dado tecnológico que muda com o aumento da eficiência de seu uso. Para os países importadores, a melhor forma de enfrentar o problema da necessária redução do consumo seria permitir a incorporação aos preços internos do preço do combustível importado. O objetivo da política de preços deveria ser, portanto, estimular o consumidor a reduzir a utilização de petróleo. Praticamente todos os países altamente dependentes da importação do petróleo encontraram fórmulas que impediam, com algum sucesso, a contaminação do preço do petróleo sobre o custo de vida. Nosso ajuste durou dois meses, até que alguém inventasse a palavra expurgo para caracterizá-lo. Esta adquiriu, instantaneamente, uma conotação tão dramática e poderosa que intimidou o governo e se perdeu na sua justificativa moral para malefício da inflação e do equilíbrio externo. Essas considerações são para lembrar como boas idéias podem ser destruídas pela utilização de uma palavra que, de repente, incorpora o papel do "mal" no pensamento nacional. Outro exemplo: as "despesas correntes da União" têm crescido enormemente nos últimos 12 anos: avançaram 6,1% entre 1994 e 2002 e 5,8% entre 2002 e 2006, enquanto o PIB aumentou à míope taxa de 2,4% e a população, a 1,5% ao ano. O Brasil foi aprisionado numa armadilha que impede o seu crescimento. Sua carga tributária bruta é de 38% do PIB e sua dívida, da ordem de 49% do PIB. Mas é aqui que está a tragédia. O programa eleitoral cínico, dúbio e incompetente de um dos candidatos banalizou e retirou o impacto da expressão "choque de gestão". Transformou-o no instrumento do "mal". Foi rejeitado por dois terços da sociedade, que viu nele o codinome de "corte das despesas sociais". É hora de esquecer o nome para poder executar a idéia, sem cortar as despesas sociais.

sexta-feira, novembro 03, 2006

BRASIL

No Mínimo...

Know-how
Lula aceitou o convite para ensinar Bush a ganhar eleiçôes: “Você precisa arrumar um Alckmin por aí para enfrentar, meu caro.”
Halloween do diálogo
Serginho Cabral cumpriu promessa de campanha de tomar café-da-manhã com Rosinha Garotinho no Dia das Bruxas. Os fantasmas do Palácio Laranjeiras acharam o futuro inquilino uma simpatia.
A vida como ela é
Passadas as eleições, o povo quer saber: Marcos Paulo vai ou não vai pegar a noviça rebelde interpretada por Letícia Sabatella na novela das 8?
Tá na cara!
A derrota de Geraldo Alckmin deixou Alexandre Garcia mexido. O jornalista não aparecia triste desse jeito no vídeo desde o dia em que leu notícia sobre eliminação do Brasil na Copa da Alemanha.
Vai pra casa!
Chamava atenção no palanque da derrota tucana a euforia de dona Lu Alckmin. Nem quando o marido foi eleito governador ela parecia tão feliz. O pobre do Geraldo, pelo visto, não vai ter descanso após a campanha.
Já vimos esse filme
O problema da manutenção de Guido Mantega no Ministério da Fazenda é que fica difícil falar na ‘era Mantega’ sem pensar na famosa cena de amor de “O último tango em Paris”.
Concorrência
Você trocaria a maxi goiabinha da Gol pelo hambúrguer de picanha da Varig? Só se fala disso nos aeroportos do país?