sábado, outubro 07, 2006

Chega de hipocrisia.

Vamos seguir o exemplo da Grécia, berço da cultura e da democracia, que, por amor à verdade e para entrar na União Européia, decidiu incluir o contrabando, a prostituição, as propinas, a pirataria, o tráfico, a lavagem de dinheiro, o mercado negro, o caixa dois, ou seja, tudo o que o "nosso Delúbio" chamaria de recursos não-contabilizados, no cálculo do PIB. Afinal, se dinheiro não tem cor, raça ou ideologia, PIB precisa de bons antecedentes? Se essas riquezas foram produzidas legal ou ilegalmente é um detalhe que não compromete o fato econômico. Esse dinheiro, ainda que sujo, existe realmente, entrou na roda e acabou até pagando impostos indiretamente. A Grécia acredita que, com esses critérios honestos e sinceros, o PIB do país possa aumentar nominalmente em 10%. Imaginem o Brasil! Com certeza nosso PIB vai dar um salto espetacular e se aproximar do que realmente é. Ninguém mais vai se alarmar com o tamanho da dívida publica em relação ao PIB. Os cálculos de renda per capita e programas sociais terão de ser refeitos. Que dirão investidores e economistas diante dos novos números? Provocarão um afrouxamento da politica fiscal? Aumento de investimentos e gastos públicos? Quem sabe até uma diminuição da carga tributária? Mas, diante dos números eloqüentes da verdade, o que seria mais vergonhoso: o crescimento do nosso PIB de fachada ou o novo PIB ampliado, incluindo as nossas incomensuráveis riquezas não-contabilizadas? Ou a diferença entre os dois?

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